Pesquisa feita pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) e pelo instituto Ipsos mostra que 62% dos entrevistados acreditam que possíveis mudanças na previdência social devem dificultar o pedido de aposentadoria no Brasil. A maioria dos entrevistas também teme a perda de direitos com as futuras alterações. Para 57% deles, a reforma da previdência pública deve diminuir seus direitos.
INFOGRÁFICO: Conheça as regras da aposentadoria pelo INSS
“A pesquisa mostra que há uma contradição no que as pessoas querem, no que acham que é certo e sua expectativa pessoal”, avaliou o Presidente da FenaPrevi, Edson Franco, em coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira (23).
SAIBA MAIS: O que pode mudar na aposentadoria
A parcela de entrevistados pela Fenaprevi/Ipsos que desconhece a reforma da previdência social também é elevada. Cerca de 44% dos entrevistados informaram não ter conhecimento da discussão das reformas em curso. No entanto, 54% afirmaram ter ouvido falar das propostas de ajustes nas regras da aposentadoria e 2% não souberam responder.
Dos que têm conhecimento da mudança, 45% estão cientes de que há discussões em torno do aumento da idade da aposentadoria e 17% sobre o aumento das contribuições. No entanto, a parcela de entrevistados que ouviu falar dos dois temas cai para 7%.
“É surpreendente não ter ouvido falar da reforma com o nível de informação divulgado. O nível de desinformação da população precisa ser levado em conta pelo governo e setor privado”, avaliou Franco, ressaltando a necessidade de se estabelecer um nível básico de conhecimento para depois debater mudanças nas regras da aposentadoria pública.
A pesquisa revela que a maior parte da população brasileira sabe pouco ou não tem informação do sistema público de aposentadoria. Somente 11% dos entrevistados afirmaram saber muito ou o suficiente do tema, enquanto 86% sabem pouco, nada ou desconhecem completamente o assunto. Segundo a Fenaprevi, neste ponto, 3% não souberam responder.
Idade
O presidente da Fenaprevi chamou ainda atenção para a idade média com que se aposenta o brasileiro, de 54 anos. “É extremamente baixa comparada com qualquer métrica internacional. A grande maioria dos países já convergiu a idade média de aposentadoria para 65 anos e, neste momento, se discute o aumento para 67 anos”, destacou Franco.
O levantamento mostrou que a maior parte dos brasileiros consultados (42%) acredita que os homens deveriam se aposentar aos 60 anos e somente 15% apontaram os 65 anos como a idade ideal para aposentadoria masculina. No caso das mulheres, 58% disseram que este grupo deveria se aposentar com 55 anos e outros 22% indicaram os 60 anos como idade ideal.
A pesquisa feita pela Fenaprevi/Ipsos ouviu 1.500 pessoas com mais de 23 anos, de todas as classes sociais, em todo o Brasil, entre os dias 21 de julho e 4 de agosto. O levantamento foi apresentado no VIII Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, que tem como tema central o Desafio da Previdência Social no Brasil e é organizado pela FenaPrevi.
O QUE PODE MUDAR
Confira as principais propostas de mudanças na Previdência que o governo já sinalizou:
Idade mínima
As últimas declarações do governo indicam que após a reforma a idade mínima para aposentadoria será de 65 anos para homens e 62 para mulheres. Não se sabe o que acontecerá com a fórmula 85/95, aprovada no ano passado. O fator previdenciário pode ser extinto.
Regra de transição
O governo indica que a idade mínima valerá para quem tiver até 50 anos quando a reforma entrar em vigor. Quem tiver 51 anos ou mais terá uma regra de transição, com um acréscimo – de 40% ou 50%, segundo o governo – no tempo de contribuição que faltava para o trabalhador se aposentar pela regra atual. Assim, se faltavam quatro anos para a aposentadoria, esse prazo subirá para até seis anos.
Homens e mulheres
O governo pretende reduzir – ou eliminar, no longo prazo – as diferenças que existem nas regras de aposentadoria para homens e mulheres. Hoje elas conseguem se aposentar mais cedo.
Público e privado
Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o governo quer unificar as regras de aposentadoria do regime geral – o INSS, que vale para os trabalhadores do setor privado – e do regime próprio, dos servidores públicos.
Especiais
As regras para profissionais como professores e policiais militares também devem ficar mais rígidas. Mas, ainda assim, tendem a continuar mais brandas que as dos demais trabalhadores.
Rural
O governo pode exigir uma contribuição previdenciária maior dos trabalhadores rurais e passar a cobrar das empresas agrícolas que são exportadoras – hoje elas não contribuem com o INSS.
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