Nos próximos dias, o leitor vai ver muitos anúncios de montadoras, todos dizendo que nada mudou e que você vai poder comprar seu carro zero nas mesmas condições de dois meses atrás. Sugiro que os veja com atenção e cautela.

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Há uma situação peculiar no segmento de automóveis. As vendas apresentam agora uma tendência de queda. Como vinham num crescendo (de janeiro a setembro, as vendas de 2008 superam em 26% as do ano passado, segundo a associação das revendas), as fábricas sentiram o baque da desaceleração. GM e Fiat já concederam férias coletivas, decisão que se toma normalmente quando os estoques superam a expectativa de vendas.

Essa situação pode ser exacerbada pelo aperto que se desenha no crédito: prazos menores, juros mais altos, aprovação mais difícil. As vendas de automóveis são fortemente baseadas em financiamentos – entre CDC e leasing, 63% das compras foram parceladas no primeiro semestre deste ano. Por isso, montadoras e concessionárias estão interessadas em manter as ofertas que alardeiam juros baixos. Elas têm instrumentos para isso, que são seus próprios bancos. Estes são ferramentas para promoção de vendas, por isso tradicionalmente trabalham com taxas menores do que as que os bancos comerciais.

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Isso, no entanto, não significa que as ofertas que dizem "nada mudou" traduzem perfeitamente os números. Compare preços e condições e fique de olho em um número que aparece pequenininho nos anúncios: o Custo Efetivo Total (CET), que junta tudo o que você paga num financiamento – juros, tarifas, impostos, etc.

Um exemplo: dias atrás a montadora "V" oferecia um veículo com taxa de 0,99% ao mês, que equivalem a 12,55% ao ano. A entrada era de 50% e o saldo, financiado em 24 parcelas. O custo efetivo total, no entanto, era de 19,17% ao ano. A marca "C" oferecia seu carro aos mesmos 0,99% ao mês com o mesmo porcentual de entrada, mas o Custo Efetivo Total era de 15,94% ao ano. Ou seja: financiando com a segunda, o carro sairia mais barato. As taxas embutidas no financiamento é que fazem a diferença.

Outra coisa: tenha em mente que o que as empresas mais precisam hoje é de fluxo de caixa, já que dinheiro de banco está sumindo e custa caro. Se tiver condições de comprar à vista, terá oportunidade de fazer bons negócios.