| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidente afastada Dilma Rousseff divulgou nesta segunda-feira (30) nas redes sociais um vídeo comentando a devolução de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro, proposta pela equipe do presidente em exercício, Michel Temer. Em uma breve introdução para uma fala do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Armando Monteiro, Dilma afirma que essa operação é um “retrocesso”.

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Segundo Monteiro, essa devolução do BNDES somente se justificaria por uma necessidade de reduzir a dívida bruta, mas o reflexo dessa redução - projetado até 2020 - é muito pequeno se forem levados em conta os prejuízos que essa ação causará à manutenção dos programas e das linhas de financiamento do banco. “O funding, as fontes de financiamento do banco serão drasticamente reduzidas com essa medida, sem que ela proporcione benefícios que a justifiquem. Haverá prejuízo para setor produtivo, redução das linhas de financiamento ao investimento, ao capital de giro das empresas, ao apoio às exportações, especialmente pelo papel insubstituível que o banco tem no financiamento dos pré-embarques”, argumentou.

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Em relação à política externa, Monteiro disse que o governo Dilma centrou suas relações com países com economia mais dinâmica, mas sem abandonar grandes potências, como os Estados Unidos. “Nós celebramos com os EUA, que são o principal mercado de manufaturados do Brasil, um acordo inédito de convergência regulatória. Isso significa remover barreiras não tarifárias, melhorando extraordinariamente as condições de acesso de produtos”, afirmou. Segundo ele, também foi priorizada a relação com países da bacia do Pacífico, além da perspectiva de acordo do Mercosul com a União Europeia.

A devolução dos R$ 100 bilhões do BNDES para o Tesouro foi uma das medidas anunciadas pela nova equipe econômica para reduzir o rombo nas contas públicas. O dinheiro abateria a dívida bruta e faria com que o país pagasse menos juros – a economia, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, será de R$ 7 bilhões por ano. O governo argumenta também que há baixa demanda neste momento por recursos do BNDES, que terá de estabelecer uma nova forma de trabalho.

Nos últimos anos, o BNDES recebem mais de R$ 500 bilhões em recursos do Tesouro. Esse montante leva um subsídio implícito, já que é captado pelo Tesouro a uma taxa de juros média maior do que a cobrada pelo banco em seus empréstimos.