Diante da valorização do dólar em relação ao real, o Banco Central anunciou um programa de leilões de swap cambial -- que equivalem à venda de dólares no mercado futuro -- que vai durar pelo menos até 31 de dezembro e chegar à oferta de US$ 100 bilhões. O objetivo, segundo o BC, é "prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado de câmbio". A moeda norte-americana rompeu nesta semana o patamar de R$ 2,45 reais, maior desde 2008. A alta do dólar tem causado preocupação em relação à inflação e ao endividamento das empresas brasileiras.
A autoridade monetária já tem feito esses leilões com frequência no mercado para tentar conter a alta da moeda americana. O anúncio do programa de prazo mais longo, porém, que terá início nesta sexta-feira (23), ajuda a dar previsibilidade aos investidores a respeito das intervenções.
Os dois leilões desta quinta, nos quais o BC ofereceu US$ 4 bilhões, já compõem a estratégia de usar parte dos US$ 373,5 bilhões das reservas internacionais para segurar o câmbio. O banco não informou quanto conseguiu colocar no mercado, mas a operação teve êxito, contendo a valorização do dólar, que fechou o dia cotado a R$ 2,432, com queda de 0,78%.
Operação
Os leilões de swap ocorrerão de segunda a quinta-feira, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia. Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -outro mecanismo que também é utilizado para empurrar as cotações da moeda americana para baixo
Se o BC julgar necessário, poderão ser oferecidos mais dólares. Até hoje, foram injetados US$ 40 bilhões no mercado, sendo a grande maioria por meio de swaps. Uma parte menor, cerca de US$ 3,8 bilhões, foram liberados por meio de leilões de linha.
Atuação
O Banco Central estima dispor de US$ 60 bilhões para as operações até 31 de dezembro. No entanto, se houver necessidade, pode ser mais. O BC dará continuidade a o processo nesta sexta (23), com mais uma atuação forte no mercado, e já comunicou às instituições financeiras credenciadas a operar com câmbio que fará um leilão, às 11h15, para venda de mais US$ 1 bilhão, com compromisso de recompra no dia 2 de janeiro de 2014.
Repercussão
A medida foi bem recebida por economistas do mercado financeiro, que destacaram que o programa reduzirá a volatilidade no mercado, mas sustentaram que o viés do dólar é de alta em relação ao real. "Isso mostra a firme determinação da autoridade monetária a não deixar que esse câmbio saia do lugar", afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Para o economista-chefe do INVX Global, Eduardo Velho, a medida mostra que o BC não quer utilizar a política monetária, elevando a taxa básica de juros, para conter a valorização do dólar no Brasil. "O BC sinaliza com essa ação que ele não vai dar um choque monetário. Ele vai usar a política cambial para cobrir essa demanda", disse Velho.
Desde de outubro de 2008, o BC não adotava um programa de intervenção cambial tão grande. Na ocasião, auge da crise internacional, o BC fez um programa de injeção de 50 bilhões de dólares no mercado.