A maioria das empresas paranaenses na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) parece ter escolhido o momento certo para lançar suas ações. De um ano para cá, GVT, Positivo Informática, Paraná Banco, Bematech e Companhia Providência se lançaram na bolsa e integraram o time formado também por Copel e ALL exatamente num ano promissor para as empresas. No último trimestre, todas as sete companhias listadas na Bovespa tiveram lucro, algumas delas inclusive revertendo prejuízos registrados em períodos anteriores.
No acumulado do ano, registram ganhos a companhia telefônica GVT, a Positivo Informática, a América Latina Logística (ALL), a Copel e o Paraná Banco. Apenas a Bematech e a Companhia Providência sofrem prejuízo nos nove primeiros meses do ano, mas o lucro obtido no último trimestre pode indicar que a situação está se revertendo.
O sócio da KPMG Auditores Independentes e professor do Ibmec Pedro Jaime Cervatti destaca que algumas das companhias paranaenses não encontram comparação no país, como é o caso da Providência, que fabrica o chamado tecido não-tecido. Outras têm destaque por superar concorrentes de peso.
Os resultados da GVT, por exemplo, surpreendem exatamente pelo setor em que a empresa atua. A receita obtida foi de R$ 25 milhões no primeiro trimestre, R$ 28 milhões no segundo e R$ 28 milhões no terceiro. "Isso lembrando que o mercado de telefonia fixa no Brasil não cresce há muitos anos. E nós temos um crescimento rentável", diz o vice-presidente Administrativo, Financeiro e de Relações com os Investidores da GVT, Karlis Kruklis. Ele conta que a empresa tem um plano acelerado de investimentos, que deve consumir boa parte dos ganhos obtidos. "Triplicamos nosso investimento em novas linhas. Foram 104 mil em 2006, e 315 mil em 2007", conta Kruklis.
Depois de voltar ao azul, com a reestruturação da Brasil Ferrovias, comprada em maio de 2006, a ALL pretende agora acelerar os investimentos para fazer frente ao crescimento da movimentação de cargas. Somente no Brasil, os volumes cresceram 13% no terceiro trimestre para 9,2 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU). Sergio Pedreiro, diretor financeiro, diz que a empresa deve investir R$ 600 milhões em 2008 em toda a malha.
O Paraná Banco, especialista na concessão de crédito consignado, vai investir para a expansão de seu modelo de franquias. Hoje são 51, e a meta é chegar a 210 até o fim do ano que vem, explica o diretor Financeiro e de Relações com os Investidores Luís César Miara. Segundo ele, há 900 cidades brasileiras com potencial para receber uma franquia do banco. "Mas um banco não é como uma empresa ferroviária, que vai investir em ferrovias e vagões. O fato de o banco reter dinheiro acaba aumentando seus negócios e a rentabilidade total. A nossa matéria-prima é o dinheiro, e a maior parte do lucro acaba sendo usada na própria operação", afirma Miara. Ele destaca o crescimento da carteira de crédito do Paraná Banco, que atingiu quase R$ 1,1 bilhão em setembro.
A Bematech, lembra o professor Pedro Cervatti, está com foco em aquisições. "Ela fez o IPO [lançamento de ações na bolsa] e agora busca aquisições. É uma empresa que olha muito mais para um sistema que só para o produto principal dela."
Ainda no setor de tecnologia e informática, a maior fabricantes de computadores pessoais do país, a Positivo Informática, teve um aumento de ganhos da ordem de 85,3% no acumulado do ano. Em novembro, a empresa dá início à produção de conversores de sinal digital para aparelhos de televisão analógicos, os chamados set top boxes para que os televisores atuais possam sintonizar a transmissão digital. Segundo a empresa, há uma base de 90 milhões de televisores no país em mais de 50 milhões de domicílios, que vai gerar demanda pelos conversores. (FL)