As discussões judiciais acerca do transporte de soja transgênica pelo Porto de Paranaguá mudaram a rota do produto paraguaio para exportação. Ao contrário do que acontecia há cerca de quatro anos, a maior parte das quase 6 milhões de toneladas do grão que o país deve produzir este ano chegará ao mercado europeu e ao Oriente através dos portos argentinos, em especial Rosário. A carga parte de um porto fluvial, instalado no lado paraguaio do Rio Paraná, justamente na altura de Foz do Iguaçu.
"O custo é equivalente, mas seria mais ágil exportar por Paranaguá, apesar do transporte rodoviário. Seria a opção natural", diz o gerente geral da cooperativa paraguaia Pindó, Romualdo Zocche. E foi por muitos anos. "Mas hoje a nossa atividade no porto é zero", diz. "O fechamento para transgênicos foi uma perda muito grande para o setor agrícola e para o próprio comércio da fronteira."
A Pindó produz anualmente cerca de 150 mil toneladas de soja 95% a partir de sementes geneticamente modificadas , sendo 80% destinada ao mercado externo, principalmente para Europa e China. Com 560 associados, é a segunda maior cooperativa do Paraguai. A previsão para este ano é faturar US$ 40 milhões com a produção de soja, trigo, milho e girassol.
O mesmo caminho segue a produção de soja das Colônias Unidas, cooperativa com sede em Obligado, também no Paraguai. Segundo o seu gerente geral, Ricardo Storrer, todas as 300 mil toneladas de soja transgênica em sua totalidade produzidas pela cooperativa são destinadas ao mercado externo. Elas seguem em barcaças até os portos argentinos de Rosário e Palmira. "O uso do Porto de Paranaguá traz dois problemas: a questão de manejo dos transgênicos e o alto custo do frete no Brasil. A Argentina, ao contrário, tem uma política organizada para atrair mercadorias, com impostos mais baratos."
Para o gerente geral da Lar Paraguai, Ovídio Zanquet, a indústria paraguaia como um todo foi prejudicada pelas limitações do transporte de transgênicos em Paranaguá. "Em qualquer mercado, a negociação é melhor se você tem alternativas."
A cooperativa produz 250 mil toneladas de grãos, entre soja, milho e trigo, que são exportados para o Brasil e para a Europa. "Com exceção do milho, agora praticamente tudo sai do continente por Rosário e pelo Porto de Palmira." Mas a opção aumenta o tempo de transporte. Segundo Zaquet, a mercadoria leva entre 13 e 15 dias para deixar o Paraguai e chegar aos portos argentinos. "O custo rodoviário é maior, mas em dois dias a produção estava em Paranaguá." (CS)
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