Para enfrentar o mercado retraído, com consumidores economizando mais por causa do cenário econômico, a Páscoa deste ano será mais simples: com ovos menores, brindes e embalagens menos sofisticadas.
Essa é, pelo menos, a aposta da maioria dos fabricantes de chocolate, que deve produzir o mesmo volume do ano passado e reajustar preços entre 6% e 10%, o que significa uma perda real de receita já que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,67% em 2015.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a estimativa de produção deste ano deve ser em torno de 20 mil toneladas de chocolate, o que corresponde a cerca de 100 milhões de ovos de Páscoa. “Queremos manter o mesmo nível de vendas do ano passado. No total pode ter algum aumento em relação a alguma estratégia específica de alguma empresa, mas não esperamos crescimento nenhum”, afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente de chocolate da Abicab.
A disparada de quase 50% do dólar no ano passado impactou diretamente no preço do cacau, principal produto da indústria, que é cotado na bolsa. Além disso, o preço do açúcar subiu 30% e também pesou na produção nacional. Para compensar as altas e não repassar tudo ao consumidor, as indústrias fizeram ajustes para aumentar a produtividade das linhas de produção.
A Nestlé informou que reajustou os preços em 10%. “Fizemos uma grande engenharia para manter os preços em linha com a inflação e garantir um repasse bastante inferior à elevação do custo das principais matérias-primas”, afirma a empresa, através da assessoria.
Alexandre Costa, presidente da Cacau Show, afirma que, ao contrário de outras empresas, a marca ampliou em 11% a produção e reajustou os preços em 6%. Segundo ele, neste ano, a empresa se preocupou em oferecer produtos para atender aos diferentes perfis de consumidor. “Temos sugestões de ovos que variam de 80 gramas a 2,8 quilos. São novidades em diferentes faixas de preços e que agradam a todas as idades e gostos”, diz.
Personagens
Muitas companhias também economizaram no licenciamento de personagens infantis para reduzir custos de produção e os brindes também estão mais simples do que em anos anteriores. “O que as empresas estão fazendo é melhorar a produtividade, procurando fazer um produto que atenda o momento do mercado”, afirma Fonseca.
Mercado
O Brasil é o terceiro maior consumidor e produtor do mundo em chocolates, atrás dos Estados Unidos e da Alemanha, com consumo per capita de 2,5 quilos por ano. De janeiro a setembro do ano passado, a produção do setor apresentou queda de 10% em relação ao mesmo período de 2014.
147 novidades
Em janeiro, a Abicab promoveu o Salão de Páscoa, evento que reuniu os fabricantes e suas novidades para a data. No total, as marcas exibiram 147 lançamentos, na média em comparação ao ano passado. Os produtos chegaram às prateleiras do varejo neste mês.
“O que as empresas estão fazendo é melhorar a produtividade, procurando fazer um produto que atenda o momento [econômico] do mercado.”
Empregos
Indústrias e lojas especializadas em chocolate geraram 29 mil vagas de emprego temporário em todo o país, de acordo com a Abicab. Parte das vagas já foi preenchida no ano passado, mas outras oportunidades devem estar disponíveis até março. As posições vão desde a produção de ovos até a promoção e venda de produtos nas prateleiras . Apesar do momento econômico difícil, o número representa um aumento de 10% nas contratações deste ano em comparação com 2015.
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