Brasília - Pesquisa feita pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) verificou que as propagandas de venda de automóveis com "zero de juros" não informam nada sobre o custo efetivo total (CET) da operação, no caso de compra a prazo, nem mencionam a taxa de abertura de crédito (TAC), e com isso induzem o consumidor ao erro.
Atraída pela propaganda de parcelamento de carros sem juros, a Pro Teste pesquisou os sites de nove montadoras para checar se a venda dos veículos em parcelas realmente não custava mais nada ao consumidor, e constatou que comprar um veículo a prazo não sai pelo mesmo valor que se desembolsaria à vista. A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira(18) na internet, revela que as empresas não são claras na prestação de informações ao consumidor e não cumprem a determinação de anunciar o CET dos financiamentos de forma clara e correta, como determina a lei em vigor há mais de um ano.
De acordo com a Pro Teste, os abusos contra os consumidores apurados na pesquisa estão sendo denunciados ao Banco Central para que a autoridade monetária exija o cumprimento da Resolução 3.517, de dezembro de 2007, que implantou a medida, e puna com multa as financeiras e lojas.
A pesquisa da Pro Teste, feita nos sites da Chevrolet, Citröen, Fiat, Ford, Honda, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen, diz que, ao confrontar as informações disponíveis no material publicitário dessas empresa, constatou desvios como o da Peugeot, que não menciona CET, nem TAC, nada. "A única mensagem que fica para o consumidor é de juro zero", afirma a Pro Teste. A associação constatou, na simulação de compra de um modelo Peugeot 207, CET de 15,55% ao ano e TAC de R$ 630.
A pesquisa verificou também que a Citröen divulga um valor para o CET que, além de ter sido calculado errado, por não incluir todos os custos, aparece em uma nota de rodapé, em letras pequenas e de difícil leitura, alem de não mencionar a TAC. Mas, na simulação de compra financiada de um C4 Pallas Flex, a Pro Teste constatou que o CET correto para os dados que estavam na nota de rodapé era de 15,49% ao ano mais cobrança de uma TAC de R$ 888.
Diante do que considera "propaganda enganosa", a Pro Teste recomenda aos consumidores que, "ao comprar um veículo ou fazer qualquer outro financiamento, exijam o valor do CET, e lembrem-se de que, além de juros, são cobrados o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] e, em geral, a TAC". De acordo com a Pro Teste, é preciso verificar também se o contrato de financiamento é por leasing ou CDC (Crédito Direto ao Consumidor). "Não se deixe enganar", recomenda a associação ao consumidor.