O Plano Decenal de Expansão de Energia até 2020 (PDE 2020), apresentado nesta segunda-feira (6), na sede da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no Rio de Janeiro, prevê R$ 1,019 trilhão de investimentos no setor de energia até o fim da década. A área que deve receber a maior quantidade de recursos é a de petróleo e gás natural, num total de R$ 686 milhões destinados à exploração e produção, além de ofertas desses insumos e seus derivados. Somente a Petrobras deve ser responsável por quase metade dos investimentos totais em energia.
De acordo com o PDE 2020, a área de oferta de energia elétrica deve receber R$ 236 bilhões de investimentos para geração e produção, e a área de oferta de biocombustíveis líquidos deve receber R$ 97 bilhões, para usinas de produção e etanol e biodiesel e para a infraestrutura dutoviária e portuária na produção de etanol. "A produção de petróleo vai crescer muito, mas vai para o mercado externo, muito por conta do crescimento do consumo e, em consequência, da produção de etanol no mercado interno", explicou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
Frota de carros flex deve quase dobrar
Segundo o PDE 2020, vai haver um salto de 27,9 milhões para 50,3 milhões de veículos flex, que vai corresponder na 78% da frota total. "Cerca de 70% dos donos de carros flex preferem etanol, e não gasolina. Claro que no período da entressafra, o preço do etanol cresce, mas na maior parte do ano á mais barato do que a gasolina", afirmou Tolmasquim. "Como vai crescer muito a produção de carros flex, também vai aumentar muito a demanda de etanol. Com isso, a tendência é que os produtores tirem mais cana para o etanol do que para o açúcar. A própria Petrobras está entrando na produção de etanol", complementou.
A projeção para a produção de petróleo em 2020 é de 6,1 milhões de barris por dia, quase três vezes mais do que os 2,3 milhões de barris diários extraídos hoje. "Esses números são relativos à Petrobras e ao que todas as outras empresas produzem no Brasil", ressaltou Tolmasquim. A estimativa de demanda interna por petróleo, ao fim da década, é de 2,9 milhões de barris por dia. "Em 2020, o excedente de 3,2 milhões de barris diários será vendido para o mercado externo", acrescentou o presidente da EPE.
Fontes renováveis devem responder por quase metade da matriz
Até o fim desta década, segundo Tolmasquim, vai haver a "expansão das energias renováveis". A previsão do PDE 2020 é que a oferta interna de energia renovável cresça um ponto percentual, para 46% do total. Considerando apenas o fornecimento de energia elétrica, 83% será a partir de fontes renováveis em 2020, o mesmo percentual de hoje.
Dificuldades nas licenças ambientais para hidrelétricas
"As hidrelétricas devem diminuir a participação na matriz energética, de 75% para 67%. Mas vai ser compensada por outras fontes renováveis, como a energia eólica, a biomassa e a pequena central hidrelétrica (PCH)", explicou o presidente da EPE. Tolmasquim disse que, até 2020, "provavelmente não vão sair todas as licenças ambientais" para a construção de usinas hidrelétricas, daí a diminuição desse percentual na matriz energética brasileira.
Segundo o presidente da EPE, muitas das hidrelétricas previstas para serem construídas na região Norte devem encontrar dificuldades para conseguir licença ambiental. "Quando a gente coloca a hidrelétrica no PDE 2020, a nossa avaliação é que é possível obter a licença, ter os requisitos ambientais. Claro que, como nós não damos a licença, o órgão ambiental é que dá a palavra final", finalizou.