A Petrobras divulgou ontem novo comunicado sobre a apresentação de resultados do último trimestre, na próxima segunda-feira. Em menos de 24 horas, é a terceira tentativa da estatal de explicar como irá expor seus dados financeiros e por que não cumpriu os prazos legais de apresentação do balanço contábil. Ainda não tem qualquer previsão sobre uma data para apresentar o relatório completo.
As reviravoltas e dificuldades de informar claramente suas ações expõem o nível de desorientação que a estatal enfrenta diante do que chama de "um momento único" de sua história: a avalanche de denúncias de corrupção que assolam a companhia desde março. Internamente, funcionários relatam um clima tenso e até um temor sobre a assinatura de contratos e despachos, diante da dimensão das investigações da Operação Lava Jato deflagrada ontem pela manhã (leia mais nas páginas 13 e 14).
No comunicado, enviado somente à imprensa, a companhia esclarece que a teleconferência marcada para segunda-feira irá apresentar "resultados operacionais e informações sobre o adiamento da divulgação das demonstrações contábeis". A estatal informou também que "espera divulgar" até 12 de dezembro apenas "uma versão" dos resultados, ainda "não revisada pelos auditores".
"A Petrobras ainda não tem data prevista para a divulgação do resultado do terceiro trimestre com o relatório de revisão dos auditores externos. Assim que esta data for definida, a companhia compromete-se a comunicar com antecedência mínima de 15 dias a data desta divulgação", informa a terceira nota encaminhada sobre o tema.
A nota reforça o teor do comunicado divulgado ao mercado pela manhã informando que haveria, sim, apresentação de resultados "operacionais" da companhia na segunda-feira. O comunicado da manhã, divulgado antes da abertura do mercado de ações, contradizia outro comunicado, divulgado quinta-feira, em que a Petrobras adiava a apresentação de resultados.
O atraso na divulgação se deve à negativa dos auditores da PricewaterhouseCoopers (PwC) em aprovar o balanço trimestral. Eles decidiram aguardar a conclusão da auditoria interna da estatal sobre os casos de corrupção relacionados à refinaria Abreu e Lima (Rnest), ao Comperj e também à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Dólar a R$ 2,62
O dólar bateu em R$ 2,62 e a Bolsa de Valores recuou mais 1,85% ontem. No início da noite, o Banco Central informou que vai elevar de US$ 450 milhões para US$ 700 milhões a oferta de contratos de swap cambial nas operações que vencem em dezembro, reforçando as intervenções no câmbio a partir de segunda-feira. Esses leilões têm efeito similar ao da venda de dólares e ajudam a segurar a moeda. No encerramento dos negócios,o dólar terminou negociado a R$ 2,599 no mercado à vista, com alta de 0,15%. É a maior cotação desde 18 de abril de 2005. No comercial, fechou em R$ 2,60, com ganho de 0,30%.
Baixa de 2,94%
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras fecharam em baixa de 2,94%, enquanto os papéis ordinários recuaram 2,67% ontem. Diante das incertezas, o início das negociações com os papéis da estatal na BM&F Bovespa atrasou em uma hora. Apesar do mal estar no mercado, as agências de classificação de risco Moodys e Standard & Poors afirmaram que o adiamento na divulgação do balanço não tem impacto imediato no "rating" da estatal.