Legislativo
CPMI da Petrobras deve impedir quebra de sigilo de empreiteiras
Estadão Conteúdo
Mesmo com a deflagração da nova fase da Lava Jato, a CPI mista da Petrobras vai evitar eventuais quebras de sigilo bancário e fiscal das empresas e tentará "blindar" as construtoras envolvidas no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em obras da estatal. Atualmente, o consenso é de que parlamentares da base aliada e da oposição mantenham o acordo, firmado em maio, para impedir ações contra as empreiteiras e seus dirigentes na terça-feira, quando a comissão se reunirá para votar requerimentos. O receio dos parlamentares era de que, se as investigações contra as empresas fossem aprofundadas, elas fechariam a torneira das doações de campanhas.
Investigação
PF descobre indícios de que propina teria ido para caixa do PTAgência O Globo
A Polícia Federal (PF) descobriu novos indícios de que o esquema de propinas na Petrobras serviu para alimentar o caixa do PT. Relatório da PF, ao qual O Globo teve acesso, aponta que uma das pessoas utilizadas para receber os recursos em nome do partido era Marice Correa Lima, cunhada do tesoureiro da legenda, João Vaccari. Ela é suspeita de ter recebido pelo menos R$ 110 mil do doleiro Alberto Youssef. O recurso teria sido proveniente da Construtora OAS e teria sido entregue na casa dela em 3 de dezembro do ano passado.
O nome de Marice não é desconhecido das investigações da PF. Ele apareceu durante o escândalo do mensalão. Diz o trecho do relatório da PF: "Marice Correa Lima é figura conhecida na época do mensalão, coordenadora administrativa do PT, que, na época, teria efetuado um pagamento de um milhão, em espécie, à Coteminas. Interessante ainda destacar aqui que Marice de Lima é cunhada do atual tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Observa-se portanto que a mesma continua atuando na movimentação de valores, ao que tudo indica para o Partido dos Trabalhadores, ao qual aparece vinculada", diz um trecho do relatório da PF. Procurados, Vaccari e o PT não quiseram se manifestar.
Procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato chegaram a pedir a prisão temporária de Marice, mas o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, considerou a medida desnecessária. Ele expediu mandado de condução coercitiva.
A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque e executivos da cúpula de grandes empreiteiras do país suspeitas de pagar propina para fechar contratos com a estatal. A ação é a sétima fase da Operação Lava Jato, iniciada em março deste ano, e que investiga esquema de lavagem e desvios de dinheiro.
INFOGRÁFICO: Veja quem foi preso e os números da operação
Essas empresas nove ao todo, pertencentes a sete grupos têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras, considerando o período de 2003 a 2014. Segundo as investigações, parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na sede dessas empresas.
Foram emitidos mandados de prisões preventivas e temporárias contra 27 pessoas, dos quais ao menos 18 foram cumpridos.
Prisão
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado ao cargo pelo então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi preso no Rio. Ele é apontado por procuradores e policiais como o principal operador do PT nos desvios da Petrobras.
Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a diretoria de Duque repassava 3% dos contratos que assinava para o PT. A diretoria de serviços cuidava dos projetos de engenharia e das licitações de obras que foram superfaturadas, segundo o Tribunal de Contas da União, como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Empresários
Entre os executivos que tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal estão presidentes de cinco companhias: da OAS, da Camargo Corrêa Construções, da Iesa Óleo e Gás, da UTC e da Construtora Queiroz Galvão.
Valdir Lima Carreiro (Iesa), José Aldemário Pinheiro Filho (OAS) e Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC) estão presos. Dalton dos Santos Avancini (Camargo Corrêa) não foi localizado pela polícia. Ildefonso Colares Filho (Queiroz Galvão) se entregou no fim da tarde de ontem.
Foram bloqueados R$ 720 milhões de executivos, até o limite de R$ 20 milhões por pessoa. Não houve bloqueio das contas das empresas, para não prejudicar a saúde financeira delas.
Sem político
A PF informou que nenhum político foi alvo da ação de ontem. Mas um dos mandados de condução coercitiva expedidos foi para Marice Corrêa de Lima, parente do Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto (leia mais abaixo). Ela foi levada à PF para dar esclarecimentos.
Já o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Petrobras, entrou na lista de procurados da Interpol e do sistema nacional de procurados e impedidos. A PF tinha um mandado de prisão, mas não conseguiu localizar o suspeito de envolvimento em desvios da estatal.
Receita vai cobrar R$ 1 bilhão de empreiteiras da Lava Jato
Folhapress
O uso de empresas de fachada e outros crimes levará a Receita Federal a cobrar R$ 1 bilhão em impostos não pagos, multas e juros das empreiteiras acusadas na Operação Lava Jato. A estimativa é do coordenador de Pesquisa e Investigação da Receita Federal Gerson Schaan. Segundo ele, já é possível calcular esse valor com base em provas de ilícitos tributários e aduaneiros já obtidas na Lava Jato.
A Receita integra a força tarefa que atua na operação e realizou buscas ontem. As empresas envolvidas nove ao todo, pertencentes a sete grupos têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a estatal, considerando o período de 2003 a 2014.
Colaboraram Amanda Audi e Kelli Kadanus
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