Cotação
Commodity sobe ao maior nível em quase um mês
Nova York - Os contratos futuros de petróleo subiram para o maior nível em quase um mês, impulsionados pela expectativa de que o Federal Reserve adote novas medidas para impulsionar a frágil economia dos Estados Unidos (leia mais nesta página). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato para outubro ganhou US$ 1,63 (1,87%), a US$ 88,90 o barril, o maior nível de fechamento desde 3 de agosto. Na plataforma ICE, o petróleo do tipo Brent fechou em alta de US$ 2,14 (1,91%), a US$ 114,02 o barril.
O volume de negociações foi pequeno, pois muitos participantes do mercado ainda estão sem eletricidade ou presos em casa, após a passagem do furacão Irene pela costa leste dos EUA. Com os investidores ainda avaliando o impacto da tempestade nas refinarias do nordeste do país, os derivados de petróleo subiram ontem. Paralelamente, os investidores continuam de olho em movimentações militares de Israel e em notícias da Líbia.
Londres - A disparada do petróleo pesa sobre a economia global e contribui para os temores de novo mergulho na recessão. Assim como em 2008, o enfraquecimento da atividade mundial vem precedido de picos das cotações da commodity, numa mostra de que os ecos da crise pós-Lehman Brothers não chegam somente por meio da turbulência nos mercados. Especialistas concluem que o petróleo acima de US$ 100 causa destruição de demanda e é nocivo para a economia global.
A escalada da matéria-prima registrada neste ano é vista como um dos motivos para a desaceleração nos países desenvolvidos neste momento. A elevação dos preços pressionou os índices de inflação e fragilizou ainda mais a renda e o poder de consumo da população. Isso veio num momento de forte instabilidade externa em razão da crise de dívida soberana na zona do euro.
"O petróleo tentou subir acima de US$ 100 em 2008 e a economia entrou em colapso. Tentou de novo em 2011 e estamos enfrentando forte desaceleração", disse Olivier Jakob, analista da consultoria Petromatrix. "Os preços do petróleo se tornaram novamente um peso, atingindo níveis que ameaçam a economia global", aponta o Centro para Estudos Energéticos Globais (CGES, na sigla em inglês).
Montanha-russa
As cotações passaram por uma verdadeira montanha-russa nos últimos anos. Depois de quase bater em US$ 150 em meados de 2008, no pico da bolha das commodities, o barril desabou para a casa dos US$ 30 no início de 2009. A partir daí, engatou recuperação, que ganhou força no ano passado com a nova rodada de alívio monetário nos Estados Unidos e o desempenho dos emergentes. Em 2011, os conflitos no norte da África e no Oriente Médio pesaram e o barril revisitou a cotação de três dígitos, antes de o WTI voltar para a casa de US$ 85.
O economista-chefe do HSBC, Stephen King, acredita que a valorização da matéria-prima "não poderia ter vindo num pior momento", afinal a economia mundial ainda se recupera da crise provocada pelo colapso do Lehman Brothers.
Perspectivas
A relação entre os elevados preços do petróleo e a ocorrência de recessão foi verificada em outros momentos da história, como nos choques registrados nas décadas de 1970 e 1980. Segundo o CGES, os gastos totais com petróleo representarão 7% do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano. Esse nível foi atingido pela última vez em 2008. Para o instituto, dados históricos mostram que a economia global enfrenta dificuldades quando os custos com a matéria-prima ficam acima de 5% do PIB e, em 2011, não deve ser diferente.
A perspectiva para os preços da commodity no longo prazo é de alta, em razão das limitações de oferta e aumento constante da demanda, especialmente pelo avanço econômico dos emergentes. Entretanto, o petróleo se transformou em um ativo financeiro e passou a oscilar conforme outros fatores que não os fundamentos. A queda do dólar, por exemplo, deixa a commodity, que é cotada na moeda norte-americana, mais barata e alimenta a busca por contratos futuros. Nesse sentido, a política monetária ultra-acomodatícia praticada pelos principais bancos centrais acaba tendo o efeito indesejado de puxar a matéria-prima, prejudicando a economia.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast