O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,6% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano, informou nesta quarta-feira (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o instituto, as riquezas produzidas pelo país entre abril e junho somaram R$ 1,53 trilhão.
INFOGRÁFICO: A evolução do PIB desde 2014
O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas de 60 instituições consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma retração de 1,1% a uma alta de 0,6%, mas abaixo da mediana, que apontava para uma queda de 0,5%.
SAIBA MAIS: Recessão é a mais longa da série histórica
Na comparação com o segundo trimestre de 2015, o PIB recuou 3,8%. O resultado ficou dentro das estimativas de 58 casas, que previam queda de 2,90% a 4,52%, com mediana negativa de 3,6%. Com o dado divulgado hoje, o PIB recuou 4,6% no ano em relação a igual período de 2015, e acumula queda de 4,9% em 12 meses até o segundo trimestre de 2016.
Oscilação positiva
Os dados positivos vieram da indústria e dos investimentos. Depois de dez trimestres no vermelho, os investimentos tiveram uma ligeira alta de 0,4% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores. A indústria teve resultado positivo (0,3%) pela primeira vez depois de cinco trimestres. Ambos tiveram taxas levemente positivas, que o IBGE classifica como oscilação positiva.
Segundo o IBGE, os investimentos cresceram puxados pela importação e produção nacional de máquinas e equipamentos, além do mercado de construção civil. “A importação de máquinas e equipamentos teve um incentivo pela desvalorização do dólar neste segundo trimestre, mas as expectativas também influenciam bastante nos investimentos”, disse Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE.
O período de abril a junho foi marcado pela melhora no humor dos empresários, que anteviram na possível saída de Dilma Rousseff da Presidência o fim do impasse político que paralisou a economia.
Empresários ampliam fábricas ou compram máquinas quando estão seguros de que precisarão produzir mais para atender à demanda. Por isso, em momentos de incertezas esses projeto ficam na gaveta, mas destravam quando a expectativa se altera.
Os investimentos englobam as despesas públicas e privadas com obras de infraestrutura e compras de máquinas e equipamentos destinados a aumentar a produção do país.
Frente ao mesmo trimestre de 2015, os investimentos caíram 8,8%. Essa queda já foi muito intensa no passado: de 18,5% no quarto trimestre de 2015 e de 17,5% no primeiro trimestre de 2016.
Tida como fundamental para uma retomada consistente do crescimento econômico, a chamada taxa de investimento foi equivalente a 16,8% do PIB total no segundo trimestre deste ano.
Desengavetando
Segundo Rafael Cagning, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi ), as indústrias têm desengavetado alguns investimentos para se manter atualizadas, o que ajuda a explicar o resultado.
“Mas para uma retomada efetiva do investimento precisamos ver ainda confiança maior, destravamento do investimento público e manter essa taxa de câmbio num nível competitivo”, disse o economista.
O avanço da indústria foi puxado pelo grupo de “eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana”, que subiu 1,1% frente ao primeiro trimestre deste ano e 7,9% na comparação ao mesmo período de 2015.
“O desligamento das térmicas no segundo trimestre, o que já está ocorrendo desde agosto de 2015, significa custo menor de energia. Famílias também estão economizando menos no consumo por causa do fim da bandeira vermelha”, disse Claudia Dionísio, técnica do IBGE.
Também contribuiu para o resultado mais positivo a atividade de extração mineral, que teve um crescimento 0,7% frente ao três meses anteriores, embora tenha recuado 4,9% ante o segundo trimestre de 2015.
“Desde o quarto trimestre de 2015, após o acidente de Mariana (MG), víamos uma queda grande da produção de minério de ferro. Desta vez foi uma queda menor. Além disso, houve uma pequeno crescimento do petróleo”
Para economistas, a recuperação dos investimentos é moderada e pode ser resultado da grande ociosidade nos parques fabris do país. É possível aumentar a produção sem investir.
Recessão é a mais longa da série histórica iniciada em 1996
- Folhapress Web
A queda do PIB no segundo trimestre – em relação ao primeiro – foi a sexta consecutiva nesse tipo de comparação, a mais longa sequência pela atual série histórica das Contas Nacionais, do IBGE, iniciada no primeiro trimestre de 1996.
Pelos critérios do Comitê de Datação de Ciclos da Fundação Getulio Vargas (FGV)), em parceria com o Conference Board, o atual ciclo de contração da atividade econômica foi iniciado há mais tempo, no segundo trimestre de 2014. A FGV considera um conjunto amplo de indicadores da economia, como o rendimento do trabalhador, e não apenas o PIB.
Por este critério, são agora nove trimestres de recessão, a mais longa sequência desde a contração verificada entre o terceiro trimestre de 1989 e o primeiro trimestre de 1992, nos governos de José Sarney (1985-1989) e de Fernando Collor (1990-1992). A recessão do início da década de 1990 durou 11 trimestres.
No período de abril a junho houve uma melhora no humor dos empresários, que anteviram na possível saída de Dilma Rousseff da Presidência o fim do impasse político que paralisou a economia.
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