Crise começa a afetar a economia em 2012
Em 2009, em meio à crise do subprime que havia começado em setembro do ano anterior, a economia do Paraná levou um tombo pior que o sofrido pelo Brasil. O crescimento do estado deve ser novamente comprometido desta vez, pela "nova" crise externa, mas analistas acreditam que o impacto mais forte deve se dar somente a partir de 2012.
Projeções para o país caem a cada semana
O último boletim Focus do Banco Central, que pesquisa a opinião de analistas de mercado, diminuiu, pela quinta semana consecutiva, as projeções para o avanço da economia em 2011.
A economia do Paraná vai crescer mais que a do Brasil em 2011. A projeção é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do estado aumente 4,1%, contra uma média nacional de 3,3%, de acordo com cálculos do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes). Será o segundo ano consecutivo em que a economia do estado tem desempenho superior à nacional. Ainda assim, o ritmo de crescimento cairá à metade em relação ao registrado no ano passado, quando o PIB paranaense aumentou 8,3%.
Pelo menos três fatores ajudam a explicar esse desempenho: a performance da indústria, que está desacelerando mais lentamente que a média brasileira; a alta dos preços das commodities, que favorece o agronegócio; e o consumo ainda em alta, que sustenta o crescimento do comércio.
"Na indústria, os setores de automóveis e de caminhões, petroquímico e de edição e impressão têm se destacado", diz Julio Suzuki, diretor de pesquisa do Ipardes. Apesar de uma queda de 13,5% na produção em setembro na comparação com agosto, no acumulado de nove meses a produção industrial no Paraná cresceu 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado, contra 1,1% no Brasil, de acordo com o IBGE.
"O Paraná tem um resultado melhor porque tem sua base industrial concentrada em setores com bom desempenho, como automotivo, alimentar e de combustíveis", diz Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
A tendência é de que neste ano a economia paranaense ajude a puxar para cima o PIB brasileiro em 2011, ao contrário de outros estados, que estão sofrendo mais na produção industrial, diz o economista Luciano DAgostini, sócio da consultoria Inva Capital.
Commodities
Na área agrícola que tem forte peso na economia do estado , a alta dos preços tem ajudado a compensar a quebra da safra, segundo Margorete Demarchi, engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
A safra paranaense prejudicada pela estiagem e geadas severas, principalmente nas lavouras de inverno e no milho da segunda safra deve ficar em 31,71 milhões de toneladas, abaixo do recorde de 32,82 milhões de toneladas do ano passado. Mas, em compensação, os preços estão mais altos nesta temporada.
O preço médio do milho pago ao produtor do estado de janeiro a outubro ficou em R$ 22,70 por saca, 47% superior à cotação média do ano passado. No caso da soja, o valor pago por saca (R$ 42,38) superou em 18% o do ano passado. A arroba do boi gordo (R$ 95,31), por sua vez, está 17,5% mais cara que a média do ano passado.
O consumo também segue forte, embalado pela renda e pelo emprego, lembra José Guilherme Silva Vieira, professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "É preciso lembrar que Curitiba vive uma situação de pleno emprego, o que ajuda a sustentar as vendas de imóveis e automóveis, por exemplo".
Com isso, o comércio paranaense cresce a taxas superiores à media nacional. Segundo o IBGE, as vendas do varejo ampliado (que incluem material de construção, veículos e peças) registraram alta de 9,9% de janeiro a setembro, contra um avanço de 8% na média nacional.
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