Os dados cada vez mais fracos da atividade econômica principalmente no setor industrial estão fazendo os analistas de mercado revisarem praticamente toda semana as projeções de crescimento do PIB nacional. O último boletim Focus do Banco Central, que pesquisa a opinião de analistas de mercado, diminuiu, pela quinta semana consecutiva, as projeções para o avanço da economia em 2011. A projeção, antes de um crescimento de 3,5%, caiu para 3,29% e está agora em 3,2%.
Para analistas, porém, o desaquecimento ainda não tem relação direta com a crise internacional. Na opinião do economista Luciano DAgostini, sócio da Inva Capital, o esfriamento se deve muito mais aos efeitos do câmbio forte sobre a indústria. A consultoria projeta um avanço de 3% do PIB para 2011. "O que temos de desaceleração hoje se deve muito mais à desindustrialização do que à crise, cujos reflexos serão sentidos mais para frente", diz.
Os sinais de desaquecimento começam a ficar mais evidentes, com a perda do ritmo da indústria e do consumo. O real forte torna os produtos brasileiros manufaturados menos competitivos e favorece a entrada de importados no Brasil, aumentando a competição com os produtos nacionais. Com isso, a indústria já coloca o pé no freio.
O consumo, por outro lado, começa a dar sinais de limitação, não apenas pelos juros ainda elevados, mas também pelo rápido avanço do endividamento das famílias, lembra Luciano DAgostini. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, as famílias estão gastando em média 42% da renda para pagar dívidas, contra uma média de 25% em 2006.
Segundo análise do departamento econômico do Itaú, o cenário de desaceleração deve se estender até 2012. O banco revisou de 3,2% para 3% a projeção de crescimento para 2011.
Para Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Consultores Associados, o cenário de desaceleração abre espaço para uma maior redução da taxa de juros nos próximos meses. A consultoria, que projeta um crescimento de 3,4% no PIB em 2011, acredita em um ciclo de três reduções, de 0,50 ponto na taxa básica de juros Selic hoje em 11,5% ao ano nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) em novembro, janeiro e março.
Um fator que pode impulsionar o crescimento é que o BC retirou, na última sexta-feira, a maior parte das restrições ao crédito que havia erguido no fim do ano passado. O objetivo é evitar uma desaceleração mais forte da economia.
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