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A economia brasileira cresceu 1,3 por cento no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre imediatamente anterior, na maior taxa desde o primeiro trimestre do ano passado mas abaixo das estimativas de economistas e do governo.

O Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira que, frente ao mesmo período do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,2 por cento. Também houve revisões nos dados dos trimestres anteriores com a introdução, na série do IBGE, das Contas Anuais de 2007.

Segundo analistas, os dados permitem que o Banco Central espere um pouco mais de tempo até começar a elevar o juro básico.

Economistas consultados pela Reuters esperavam, pela mediana das estimativas, expansão de 2 por cento na comparação com o trimestre imediatamente anterior. As projeções de 18 instituições financeiras variavam de alta de 1,6 a 2,8 por cento.

Na comparação anual, os analistas esperavam retração de 0,1 por cento, com prognósticos que oscilavam de queda de 0,5 a expansão de 0,9 por cento.

Na véspera, ao anunciar novas medidas para estimular a economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou que a economia teria crescido 2 por cento no terceiro trimestre.

"Com os dados de hoje, aqueles cenários mais fortes para o juro, de alta no primeiro trimestre de 2010, perdem força", avaliou Roberto Padovani, estrategista-chefe do WestLB do Brasil.

Para Zeina Latif, economista-chefe do ING, o PIB muda a avaliação sobre o ritmo da economia em direção ao crescimento potencial. "Sinaliza um hiato do produto mais forte e que a gente tem ainda ociosidade na economia brasileira importante... Isso diminui a possibilidade de uma alta de juro no começo do ano", disse.

Revisões

Além dos efeitos ainda remanescentes da crise global, o terceiro trimestre foi influenciado pela introdução de informações das Contas Anuais de 2007 nos dados de trimestres anteriores.

No primeiro trimestre deste ano, a queda do PIB em relação ao mesmo período de 2008 foi ampliada de 1,8 por cento (na divulgação anterior) para 2,1 por cento.

O desempenho da indústria e da agropecuária ficou pior, com as taxas passando de baixa de 1,6 por cento para queda de 2,8 por cento e de recuo de 9,3 por cento para declínio de 10,4 por cento, respectivamente.

No segundo trimestre, a queda informada anteriormente de 1,2 por cento foi revisada para baixa de 1,6 por cento. Os resultados da agropecuária passaram de -4,2 para -4,4 por cento, da indústria de -7,9 para -8,6 por cento e de serviços saiu de +2,4 para +2 por cento.

"Com a introdução das Contas Nacionais mudaram alguns pesos de alguns podutos. No caso da agropecuária, a soja ganhou peso e as nossas estimativas na safra são mais negativas", disse Rebeca Palis, economista do IBGE. "Na indústria, bens de capital ganharam peso e, com a crise, foram um segmento muito afetado."

O PIB do quarto trimestre de 2008 saiu de uma queda de 3,4 por cento frente ao trimestre anterior para baixa de 2,9 por cento.

A introdução das Contas Anuais de 2007 na série decretou o fim da polêmica com o chamado outlier no quarto trimestre de 2008. À época, os dados sobre o PIB do quarto trimestre divergiram das projeções do mercado.

"O modelo (agora com a incorporação das Contas Anuais) não gerou um outlier, mas o dado ficou no limite, na fronteira", disse o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto.

Palis reconheceu que a exclusão do efeito outlier mudou o resultado sazonal no terceiro trimestre, mas o IBGE não divulgou qual seria a taxa com o efeito estatístico. "A revisão na série teve impacto na taxa do PIB e nas previsões de mercado já que eles não tinham essas informações em mão", disse.

Componentes do 3º trimestre

Na comparação com o segundo trimestre, a indústria cresceu 2,9 por cento, o setor de serviços expandiu-se 1,6 por cento mas a agropecuária caiu 2,5 por cento. Já em relação ao ano passado, os serviços obtiveram o melhor resultado, com crescimento de 2,1 por cento, enquanto a indústria se retraiu 6,9 por cento e a agropecuária caiu 9,0 por cento.

Levando em conta os componentes da demanda interna, a formação bruta de capital fixo --uma medida dos investimentos-- cresceu 6,5 por cento no terceiro trimestre em relação ao segundo. A demanda das famílias aumentou 2 por cento e a do governo teve elevação de 0,5 por cento.

Esse foi o segundo dado positivo do investimento, que cresceu 2 por cento no primeiro trimestre após dados revisados. "Foi o melhor desempenho da FBCF desde 2006", disse Palis.

Em relação a 2008, a formação bruta de capital fixo caiu 12,5 por cento, desacelerando a queda frente aos trimestres anteriores. O consumo das famílias subiu 3,9 por cento, no 24o crescimento consecutivo nesse tipo de comparação, ajudado pelo aumento da massa salarial real. O consumo do governo aumentou 1,6 por cento.

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