Josias de Almeida precisou voltar para casa com dinheiro emprestado, depois de ter seu seguro-desemprego bloqueado| Foto: Osmar Nunes/ Gazeta do Povo

Dinheiro bloqueado na pior hora possível

Umuarama - A mudança inesperada no número do PIS tem prejudicado cerca de 60 trabalhadores por semana somente em Umuara­ma, na Região Noroeste do estado, segundo a agência regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) da cidade. O desempregado Josias de Almeida descobriu a troca no seu número de PIS na semana passada, quando tentou sacar a parcela do seguro-desemprego.

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Dinheiro parado

6,5% ainda não pediram abono

A 35 dias do fim do prazo, 1,2 milhão de trabalhadores ainda não resgataram seu abono salarial referente a 2009. O abono é um direito do empregado que tenha trabalhado pelo menos 30 dias corridos no ano em questão, com carteira assinada, tenha cadastro no PIS/Pasep e recebido, em média, até dois salários mínimos durante o período trabalhado. O valor do abono é de um salário mínimo.

Até o momento, 93,52% dos 18,5 milhões de pessoas identificadas como beneficiárias já sacaram os recursos. No ano passado, do total de trabalhadores com direito ao benefício, 96% foram até uma agência da Caixa para pegar o dinheiro. "A expectativa é de que o porcentual passe dos 97% neste ano", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O prazo para saque do abono se encerra dia 31 de junho e, se o valor não for resgatado, ele retorna ao Fundo de Amparo ao Trabalhador. O valor estimado pelo governo para pagar o 1,2 milhão de abonos restantes é de R$ 653,8 milhões. (AE)

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A operação compartilhada do cadastro do Programa de Integração Social (PIS) está causando transtornos aos trabalhadores justamente pela falta de integração dos órgãos que alimentam a base de dados do sistema. O número do PIS, assim como o RG ou o CPF, deveria ser único para cada cidadão. Mas, apesar disso, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Paraná (SRTE-PR) recebe, semanalmente, centenas de recursos de trabalhadores que descobrem ter dois números inscritos, situação que os impede de sacar os recursos a que têm direito, como o abono salarial, parcelas do seguro-desemprego ou benefícios previdenciários.

O sistema do PIS é administrado pela Caixa Econômica Federal, mas recebe cadastros de diversas origens, como do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Cadastro Único para Programa Sociais do Governo Federal, do Sistema Único de Saúde (SUS), do Banco do Brasil, dos Correios e de prefeituras. Essa situação em que todo mundo "põe a mão" no sistema é apontada como a origem dos casos de duplicidade no PIS dos trabalhadores – e, por isso mesmo, nenhum dos agentes envolvidos sabe apontar precisamente de qual órgão estariam partindo as alterações indevidas ou o que estaria motivando essas mudanças, que não são comunicadas ao titular.

Checagem

Segundo a Caixa, independentemente da origem, os dados informados são comparados com os já existentes e submetidos às regras de unicidade do PIS, com o objetivo de não gerar uma nova inscrição para a mesma pessoa. "A ocorrência de dois números de PIS para um mesmo trabalhador não é indicativo de qualquer problema, mas de cadastros realizados por mais de uma origem sem que houvesse coincidência nos dados utilizados para determinar a unicidade cadastral", explica o banco, por meio de nota enviada pela regional de Curitiba. "Nesses casos, quando há a complementação dos dados no cadastro do trabalhador, o sistema realiza automaticamente uma depuração, localizando as outras inscrições que possuam dados equivalentes, segundo os critérios estabelecidos", complementa.

A checagem é feita com base no nome completo do trabalhador, data de nascimento, nome da mãe e número dos documentos pessoais de identificação (carteira de trabalho, RG e CPF). Apesar disso, o número de ocorrências registradas pelas delegacias regionais do trabalho prova que o sistema tem falhado nessa etapa de verificação.

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Quando isso ocorre, e sem que nenhum órgão público se responsabilize, o problema passa a ser exclusivamente do trabalhador, que fica com o dinheiro do abono salarial, do seguro desemprego ou do benefício previdenciário bloqueado até que a situação seja resolvida. A solução passa necessariamente pelo pedido de recurso no MTE, processo que demora em média seis semanas para ser finalizado.

Procurada ainda no início da semana para se pronunciar sobre o assunto, a SRTE-PR não se posicionou. Entretanto, na condição de anonimato, um funcionário informou que o órgão recebe semanalmente, de todo o estado, uma "enxurrada" de recursos sobre duplicidade no número do PIS para serem analisados. Já o MTE, em Brasília, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, não ter qualquer relação com o problema. O ministério atribuiu as eventuais alterações à Caixa Econômica, uma das responsáveis por gerar números de PIS para os trabalhadores. A superintendência nacional da Caixa, por sua vez, afirmou desconhecer a totalidade dos casos de duplicidade e informou que apenas poderia analisar situações individuais.