Obra da DAF em Ponta Grossa: operação deve começar em outubro, com 150 funcionários| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Novos carros e montadoras podem vir ao Paraná

O governador Beto Richa disse em março que o governo negociava a vinda de quatro montadoras ao estado. Três meses depois, a informação oficial é de que as conversas continuam, embora algumas estejam um pouco mais adiantadas

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DAF quer iniciar produção em outubro

Maria Gizele da Silva, da sucursal

A perspectiva de aumento da produção de veículos do Paraná se assenta principalmente sobre duas empresas: a Renault, que produz veículos de passeio e utilitários em São José dos Pinhais, e a DAF, primeira montadora a se instalar fora da Grande Curitiba. Ela vai fabricar caminhões em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.

A Renault concluiu em fevereiro a ampliação de sua fábrica, cuja capacidade passou de 280 mil para 380 mil carros por ano. E a construção da fábrica da DAF, que começou há um ano, está em fase final. A produção comercial da marca holandesa, que pertence à norte-americana Paccar, deve começar em outubro. Os testes dos caminhões devem começar mais cedo, em agosto, espera o grupo.

A unidade, que terá capacidade para 10 mil unidades por ano, recebeu investimentos de US$ 320 milhões e pretende atender 10% do mercado nacional de caminhões pesados (com mais de 10 toneladas).

A unidade deve iniciar a operação com 150 funcionários, que já estão sendo treinados. Cerca de 60 pessoas atuam na fase final da construção da fábrica. Segundo a Agência do Trabalhador de Ponta Grossa, mais funcionários serão contratados para o setor de segurança, portaria e refeitório.

Fornecedores

Entre os fornecedores da DAF/Paccar está a CCS Tecnologia e Serviços, que produz autopeças. A empresa já assinou protocolo de intenções com o governo estadual para se instalar no município de Palmeira. A prefeitura de Ponta Grossa informou que manteve contato com a Usiminas Mecânica para a instalação de uma fábrica de cabines na cidade.

O polo automotivo do Paraná finalmente engrenou.

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Por muito tempo as montadoras do estado seguiram de perto o desempenho da indústria nacional, respondendo juntas por 10% a 11% da produção brasileira de carros, caminhões e ônibus. Mas nos últimos anos as empresas locais conseguiram se desgarrar da tendência geral, crescendo em meio à estagnação do setor em boa parte do país. Esse avanço levou a fatia do Paraná à marca recorde de 15,4% em 2012, segundo o anuário publicado neste mês pela Anfavea, a associação dos fabricantes.

INFOGRÁFICO: Veja os números do polo automotivo do Paraná

Com dificuldade para exportar e enfrentando a concorrência dos importados no mercado brasileiro, a indústria nacional encolheu 6% entre 2010 e 2012, para 3,42 milhões de veículos por ano. No mesmo intervalo, a produção paranaense aumentou 33%, chegando a 526 mil unidades, resultado que consolidou o estado como o terceiro maior polo automotivo do país.

O crescimento do Paraná foi puxado pelo sucesso de vendas, no mercado doméstico, de modelos feitos aqui, em especial os da Renault. Além de crescer no Brasil, a empresa também foi bem nas exportações, o que a ajudou a ultrapassar a Volkswagen e se tornar a maior fabricante do estado, com mais de 250 mil unidades produzidas. Embora tenham reduzido o ritmo em 2012, Nissan e Volvo terminaram o ano com volumes bem maiores que os registrados no fim da década passada.

O bom desempenho do polo da Grande Curitiba parece ter ajudado as fabricantes de autopeças, embora a maioria forneça também para outros estados. Segundo o Sindipeças, de 2010 para cá a participação paranaense nesse segmento cresceu de 6,1% para 6,5% do total nacional.

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Desafios

Os dados sobre o comércio de veículos mostram que 2013 está sendo desafiador para Renault e Nissan. Após uma parada para ampliação, a marca francesa só começou a produzir em fevereiro, o que limitou suas vendas, que, no acumulado de janeiro a maio, ficaram 5% abaixo do mesmo período de 2012. Os dois modelos Nissan feitos no Paraná têm desempenhos distintos. A procura pelo Livina baixou e pela picape Frontier, subiu; na soma dos dois, houve um recuo de 9%, segundo a Fenabrave (federação das concessionárias).

O desempenho do Fox e do Golf, os dois carros "paranaenses" da Volkswagen, está cerca de 1% abaixo do observado em 2012. A Volvo, por sua vez, está se recuperando bem do tombo que todo o setor de caminhões sofreu no ano passado. Até maio, as vendas da empresa cresceram 27%, incluindo a área de ônibus.