Portugal não planeja solicitar ajuda financeira internacional de emergência, e não há discussões formais ou informais a respeito disso, afirmou nesta segunda-feira (15) o ministro de Finanças do país, Fernando Teixeira dos Santos.
"Tal solicitação não é iminente, não há contatos, sejam formais ou informais," disse Teixeira dos Santos à Reuters. "O restante são rumores e especulações."
O ministro falou à Reuters pouco depois de o jornal Financial Times atribuir a ele uma declaração de que havia um alto risco de Portugal ter de buscar ajuda financeira externa. Ele não comentou a reportagem.
O ministro declarou que seu país manterá a estratégia de levantar financiamento nos mercados enquanto a sua dívida ainda tem juros médios de 3,6 por cento, bem abaixo dos quase 7 por cento do mercado secundário depois do novo surto de temores dos investidores a respeito da periferia da zona do euro.
"Portugal continua comprometido em se financiar no mercado. É isso que fomos capazes de fazer e é o que queremos fazer," disse o ministro, acrescentando que o país vem sofrendo um contágio dos problemas irlandeses.
"A situação em Portugal é muito diferente daquela da Irlanda, com níveis de endividamento e déficit muito menores. E felizmente não temos os mesmos problemas com bancos que a Irlanda."
O déficit orçamentário de Portugal deve atingir neste ano 7,3 por cento do PIB, em comparação aos 12 por cento da Irlanda. A dívida pública portuguesa está em torno de 82 por cento do PIB, enquanto a irlandesa se aproxima dos 100 por cento.
O governo irlandês nega que haja necessidade de socorro, mas um membro graduado do Banco Central Europeu confirmou que há discussões em andamento com Dublin e que ajuda, se solicitada, seria disponibilizada para os bancos irlandeses e para o próprio governo de lá.
O ágio pelos títulos portugueses subiu na semana passada ao seu nível mais elevado desde que o país adotou o euro, devido à preocupação com o impacto que os problemas da Irlanda possam ter sobre suas finanças.