Milhares de pessoas em diversas cidades de Portugal saíram às ruas neste sábado (16), convocados pela Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), o maior sindicato do país, para cobrar uma mudança de direção em relação às políticas de cortes adotadas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

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Sob o lema "Contra o empobrecimento e a exploração", a CGTP, de orientação comunista, defendeu nas ruas todas as reivindicações do sindicato em 24 cidades do país.

A central sindical pediu ao Executivo frear sua política de ajustes e avaliar a situação do país depois de mais de um ano e meio no poder. Em particular, a manifestação também defendia a suspensão de um controverso plano de reforma do Estado, o qual pretende aplicar cortes de até 4 bilhões de euros.

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O principal protesto foi realizado em Lisboa, onde o secretário-geral do sindicato, Armênio Carlos, e o líder do Partido Comunista Português (PCP), Jerônimo Sousa, devem usar seus discursos para encerrar a chamada "jornada nacional de ação e luta".

Os manifestantes nas ruas da capital desfilaram de maneira ordenada e pacifica entre assobios e bandeiras sindicais vermelhas, embora a manifestação tenha complicado bastante a situação do trânsito no centro, principalmente entre o jardim do Príncipe Real a a Praça do Município, onde a manifestação será finalizada.

Durante o percurso, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra os cortes na educação, saúde e no setor da previdência. Além de gritos a favor da renúncia do Governo, outro cântico se destacava na voz da multidão: "Desemprego em Portugal, vergonha nacional"

Em declarações aos jornalistas durante a manifestação, Armênio Carlos pediu a Passos Coelho "escutar o sentimento popular", que, segundo o secretário-geral do CGTP, anseia por uma necessária mudança.

Sousa, por sua vez, considerou a manifestação como "um exemplo" capaz de fazer o governo entender o que o povo português não está disposto a se resignar.

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Nesse sentido, o líder do PCP assegurou que Passos Coelho "não conhece a realidade do país", em alusão aos sacrifícios feitos pela população para atender os cortes na saúde e na educação, assim como pelo desespero dos desempregados que já perderam as ajudas vindas do seguro desemprego.

Outras manifestações também reuniram um grande número de pessoas, como a realizada na segunda cidade do país, Porto, e a de Faro e Portimão, na região do Algarve, assim como nas ilhas da Madeira e na dos Açores.

A CGTP, que conta com mais de 600 mil filiados em um país de 10,5 milhões de habitantes e que já convocou duas greves gerais nesta legislatura, deve se unir no próximo dia 2 de março para outra manifestação, esta impulsionada pelo movimento cidadão "Que se lixe a Troika".

Portugal vive uma das piores crises econômicas de sua história democrática, já que o país registra 17% de desemprego e uma recessão de 3,2%, um número muito acima das previsões oficiais.

No último ano, o Executivo implementou um grande programa de ajustes econômicos, sob a supervisão da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.

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Em maio de 2011, estas mesmas entidades internacionais concederam um empréstimo de 78 bilhões de euros para o governo português saudar suas contas estatais.