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Ao explicar na Europa as ações tomadas pelo governo para combater o novo foco de febre aftosa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o principal responsável pela vacinação e pela saúde dos animais é o proprietário. Lula disse que vai pedir ao Congresso que vote logo um projeto que puna os fazendeiros que deixam de vacinar seus rebanhos, ficando três anos sem financiamento.

- Numa hierarquia de responsabilidades, o primeiro responsável pela vacinação do rebanho, além de o governo fiscalizar, é do proprietário, que sabe que precisa fiscalizar aquilo que é seu ganha-pão. Quando alguém age com irresponsabilidade quem paga são aqueles que agiram com responsabilidade - disse Lula ao participar da VIII Cúpula Brasil-Portugal.

O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antenor Nogueira, rebateu as declarações de Lula e ressaltou que o governo federal não pode se eximir.

- Se a culpa for do produtor, ele tem que ser punido de forma exemplar. Isso, no entanto, não exime a culpa do governo de não ter liberado a verba da agricultura - disse Nogueira.termino_materia

Lula garantiu que não faltou dinheiro para o Ministério da Agricultura fiscalizar a aplicação das políticas de combate à febre aftosa no país e que o governo vai apurar até o fim o caso do Mato Grosso do Sul. Lula explicou ao primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, que o foco era localizado e espera sua ajuda dentro da União Européia. O primeiro-ministro disse que ficou satisfeito com as explicações do presidente e afirmou que vai retransmiti-las à União Européia, da qual Portugal tem a presidência-executiva.

Segundo o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Ronaldo Caiado (PFL-GO), os números desmentem o presidente e o governo precisa ter coragem para assumir sua responsabilidade.

- É uma mentira deslavada, basta olhar os números. São artifícios inaceitáveis. O que se espera de um presidente é que ele tenha coragem de assumir suas responsabilidades - disse.

Caiado disse que nos últimos três anos o governo liberou apenas R$ 1,9 milhão para defesa sanitária animal e que o produtor fez sua parte, apresentando as notas fiscais de que o gado foi vacinado, mas o governo não fez a sua: não liberou o dinheiro para defesa agropecuária e não instalou barreiras na fronteira com o Paraguai, onde houve suspeita de aftosa recentemente.

Caiado disse que era um desastre anunciado e informou que a Comissão de Agricultura da Câmara vai se se reunir na terça-feira e buscar respaldo jurídico para que o gverno seja obrigado a arcar com os prejuízos provocados pela não-liberação dos recursos.

O deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), membro da Comissão de Agricultura da Câmara, disse que é preciso resolver logo o problema para evitar mais prejuízos para a economia do país e do Mato Grosso Sul.

Segundo ele, as declarações do presidente só agravam o quadro:

- Temos que resolver o problema o quanto antes para não prejudicar ainda mais a economia do estado e principalmente do país.

Paraná

Os percuaristas paranaenses também se irritaram com as declarações do presidente Lula. "Tudo isso é por falta de fiscalização do governo federal", afirma o produtor Maurício Borg, que tem 800 cabeças de gado na Região dos Campos Gerais.

Já o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Édson Neme Ruiz, entende que o presidente Lula não está totalmente errado. Mas argumenta que o governo também tem responsabilidade pela saúde dos animais e que é preciso "maior fiscalização, com um acompanhamento melhor nas propriedades e mais testes para comprovar a saúde dos animais".

Ruiz analisa que a falta de investimentos do governo federal nos últimos três anos favoreceu o surgimento do foco de febre aftosa em Eldorado, a 30 quilômetros da divisa com o Paraná. "Foi uma somatória de fatores, mas com mais recursos teríamos mais chances de evitar isso", diz. O presidente da Sociedade Rural acha ainda que não adianta realizar campanhas de vacinação de gado apenas no Brasil.

A declaração do presidente Lula, que também disse não ter faltado dinheiro para vacinação e prevenção à febre aftosa no gado brasileiro é uma resposta às críticas que o governo tem recebido, principalmente dos políticos da bancada ruralista e de pecuaristas. Eles questionam o fato de o Ministério da Fazenda não ter liberado a maior parte dos recursos destinados ao controle sanitário do gado brasileiro neste ano. O Paraná, por exemplo, há três anos não recebe recursos federais destinados à defesa sanitária e as despesas foram cobertas pelo governo do estado.

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