A fazenda interditada pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) no município paranaense de Amaporã, chamada de São Luiz, no Noroeste do estado, fica a menos de 5 quilômetros de uma vila rural e de um assentamento. Nos dois locais vivem pequenos produtores de leite, atividade que ficou paralisada após a instalação de barreiras nas entradas da cidade, na região noroeste do estado. Segundo a Secretaria de Agricultura de Amaporã, cerca de 40 famílias que dependem do gado leiteiro estão instaladas perto da fazenda onde há a suspeita de foco de aftosa.

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Para o secretário de Agricultura da cidade, José Jorge de Oliveira, será necessário discutir com o governo do estado a possibilidade de uma indenização também aos produtores de leite, caso seja confirmado o foco de aftosa. "Essa situação nos preocupa porque existe o risco do isolamento do município durar bastante tempo", afirma. "Para a maioria esta é a única fonte de renda." O pedido de ajuda aos pequenos criadores será encaminhado ao governador Roberto Requião no sábado – dia em que ele deve visitar Paranavaí para conversar com autoridades da região.

Segundo reportagem de Guido Orgis da Gazeta do Povo desta quinta-feira, o cerco à área com suspeita de aftosa é feito por técnicos da Seab e funcionários de quatro municípios da região. Na estrada que leva à Fazenda São Luiz, que pertence a um pecuarista de Londrina, funcionários da prefeitura levantaram uma barreira física para impedir a passagem de qualquer veículo. Além disso, postos de fiscalização impedem a saída de veículos contendo bovinos e seus sub-produtos. Por isso, desde sábado os caminhões de um laticínio com sede no município de Loanda não entram em Amaporã.

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A pecuária responde por mais de 50% da economia da cidade, que tem 5 mil habitantes. Além disso, há plantações de mandioca, atividade que também está sofrendo com o isolamento. Segundo Oliveira, seis caminhões de uma fecularia instalada na região estão parados na divisa com Santa Catarina. Eles esperam a comprovação ou não da aftosa para ver se serão obrigados a retornar.

Outro problema encontrado na área é a impossibilidade de se venderem bezerros. Os criadores de gado leiteiro não contam com a renda obtida com a comercialização dos animais desmamados para investir no negócio do leite. O produtor César Ferronato conta que planejava vender 15 bezerros para pagar pela limpeza do pasto e de uma pequena lavoura de mandioca. Ele vive em uma área de 10 alqueires em um assentamento formado há menos de quatro anos e que fica perto da fazenda interditada.

"Não posso demorar muito para melhorar o pasto porque esta é a época ideal para fazer isso. Vou perder produtividade se não investir", explica. Com a venda dos animais, ele esperava faturar R$ 2 mil – valor que deve ficar menor após a interdição da área em Amaporã.