A chegada ao inédito patamar dos 32 mil pontos foi a senha para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desencadear um movimento mais consistente de realização de lucros. O Índice Bovespa chegou à máxima de 32.051 pontos antes de sucumbir aos ajustes e fechar em queda de 1,80%, com 31.283 pontos. O total de negócios na bolsa somou R$ 2,261 bilhões.
Uma atuação mais forte do Banco Central gerou alvoroço no mercado de câmbio, que nesta terça-feira levou o dólar a fechar na máxima do dia, em alta de 1,44%. A moeda terminou o dia cotada a R$ 2,259 na compra e R$ 2,261 na venda. Desta vez o BC comprou uma quantidade bem maior de dólares, o que gerou um aumento da procura pela moeda americana no período da tarde.
O mercado de títulos da dívida externa teve um dia de perdas, acompanhando uma tendência que afetou quase todos os papéis de países emergentes. No final da tarde, o Global 40 tinha baixa de 0,61% e o A-Bond, de 0,59%. O Risco Brasil, em conseqüência, subia 15 pontos no final da tarde, para 356 pontos centesimais.
A queda das bolsas americanas teve forte influência sobre a Bovespa. O índice Dow Jones caiu 0,90% e o Nasdaq, 0,75%. Outra justificativa para a correção de preços foi a alta do risco-país, também atribuída à realização de lucros.
Segundo Luiz Roberto Monteiro, consultor de investimentos da corretora Souza Barros, a correção de preços é saudável, uma vez que a bolsa vem registrando recordes sucessivos. Devido à queda do dólar nas últimas semanas, os ganhos para o investidor estrangeiro foram ainda maiores.
Entre as 57 ações do Índice Bovespa, as maiores baixas foram de Usiminas PNA (-5,99%) e Siderúrgica Tubarão PN (-5,52%). As altas mais significativas do índice foram de Tim Participações PN (+3,73%) e Itausa PN (+3,03%).
Câmbio
O volume de recursos comprados pelo Banco Central ficou acima do esperado pelos bancos. Eles venderam ao BC mais dólares do que dispunham, e depois tiveram de ir ao mercado comprar - disse o gerente de mesa de um grande banco.
No seu segundo dia seguido de compra de dólares, o BC comprou recursos por R$ 2,240. Com isso, contemplou propostas de 22 bancos, contra 3 na véspera. Cálculos dos bancos estimam que o BC comprou entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões.Segundo José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação, clientes que têm dívidas de médio prazo correram para comprar dólares, com o temor de que o dólar continue a subir.
- Faltou um pouco de paciência ao mercado, que iniciou um "efeito manada" - disse o profissional.
A queda dos títulos da dívida externa e a alta do risco-país também causaram incômodo, embora não tenham sido causadoras da alta do dólar. O movimento de queda de títulos atingiu quase todos os países emergentes, o que pode ser explicado como uma realização de lucros.
Juros
As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam perto da estabilidade, com leve indicação de alta. O Depósito Interfinanceiro (DI) de novembro foi exceção e fechou com taxa de 19,31% ao ano, contra 19,33% do fechamento de segunda-feira. O DI de janeiro de 2006 teve a taxa elevada de 18,96% para 18,98% anuais. A taxa do DI de janeiro de 2007 subiu de 17,63% para 17,66% anuais. A taxa Selic é hoje de 19,50% ao ano.
Paralelo
O dólar paralelo fechou estável nesta terça-feira, cotado a R$ 2,42 na compra e R$ 2,52 na venda. No câmbio turismo, o dólar terminou o dia em alta de 0,87%, a R$ 2,19 na compra e R$ 2,33 na venda.
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