Em um dia de oscilações bruscas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu superar a crise política e fechar em alta de 1,19% nesta sexta-feira. Os negócios somaram R$ 1,663 bilhão. No acumulado da semana, houve ganhos de 1,63%. Numa coicidência rara, o dólar também subiu os mesmo 1,19% efechou cotado a R$ 2,372 na compra e R$ 2,374 na venda. Com esse resultado, a moeda americana fechou a semana com valorização de 2,77% frente ao real. O risco-país brasileiro (EMBI+ Brasil) fechou em 403 pontos centesimais, com alta de 3,59% (14 pontos).
A repercussão das declarações do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios e das denúncias do ex-deputado Valdemar Costa Neto na revista Época levaram a Bovespa a cair mais de 3% logo nos primeiros 15 minutos de pregão.
O principal evento do dia foi o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu desculpas à nação e disse se sentir traído, devido às denúncias de irregularidades envolvendo integrantes do PT e do governo. O discurso não alterou o ritmo dos negócios num primeiro momento, mas aos poucos ganhou uma leitura positiva, até a bolsa inverter a tendência, no período da tarde.
- O pronunciamento ficou dentro do que o mercado imaginava e não houve novidade significativa sobre o assunto. Então o mercado resolveu olhar para a frente, apostando que haverá uma preservação do governo - disse Sussumo Assai, da corretora Itaú.
De acordo com operadores, a virada da bolsa coincidiu com um aumento expressivo na participação de investidores estrangeiros. Das 55 ações do Ibovespa, as maiores altas foram de Transmissão Paulista PN (+6,39%) e Tim Participações ON (+4,21%). As maiores quedas ficaram com Light ON (-2,72%) e Braskem PNA (-1,94%).
CÂMBIO - O cenário político também foi o principal combustível da subida do dólar, em meio a uma forte volatilidade. O mercado também levou em conta fatores como o novo recorde dos preços do petróleo e a volta dos leilões de compra do Banco Central. Desta vez não houve leilão do BC, uma vez que o dólar chegou a bater a máxima de R$ 2,406 na ponta de venda (+2,55%).
O depoimento do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios continuou a gerar nervosismo, devido à notícia de que o PT fazia pagamentos no exterior. O agravante veio da entrevista do ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL), alegando que Lula tinha conhecimento dos esquemas do PT e do PL. O esperado pronunciamento de Lula teve efeito limitado no câmbio, ao contrário do que ocorreu com as ações.
- O dia foi bastante confuso no mercado de câmbio, com agentes andando em direções completamente opostas. Exportadores venderam bastante dólares, aproveitando as cotações mais caras. Por outro lado, houve muitas operações de "stop loss" (interrupção de perdas). Além do cenário político, a volta das compras do BC pesa bastante - explicou um profissional de um banco estrangeiro.
JUROS - As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em alta nos vencimentos mais longos, em um dia de correções geradas pelo estresse com a cena política.
A poucos dias da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as apostas na manutenção da taxa Selic nos atuais 19,75% são praticamente unânimes. O Depósito Interfinanceiro (DI) de setembro, que projeta os juros de agosto, terminou o dia projetando, em média, um corte de 0,04 ponto percentual na Selic.
O DI de outubro fechou com taxa de 19,55% ao ano, estável no dia. O DI de janeiro de 2006 teve a taxa elevada de 19,07% para 19,08%. A taxa do DI de janeiro de 2007, o mais negociado, subiu de 17,85% para 17,98% anuais.
PARALELO - O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 0,75%, cotado a R$ 2,56 na compra e R$ 2,66 na venda. No Rio, o paralelo ficou estável, a R$ 2,40 e R$ 2,55 na compra e venda, respectivamente. O dólar turismo de São Paulo subiu 1,20% no fechamento, a R$ 2,34 e R$ 2,51 na compra e venda, respectivamente.
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