Uma carreira é construída por meio de experiências. A escolha da graduação, estágio, pesquisa e especializações nos direciona para formatos profissionais diferentes.
Existem aqueles que voltam seus aprendizados para uma área específica, da qual conhecem todos os detalhes. São os especialistas. Por outro lado, há os profissionais que ampliam o foco de sua atuação, aplicando os conhecimentos de estudo em várias áreas. Estes são os generalistas. Existem algumas diferenças no reconhecimento recebido por esses dois modelos. Os generalistas, por exemplo, recebem ofertas de emprego melhores.
Essa é uma das conclusões feitas a partir de uma pesquisa realizada pelos americanos Jennifer Merluzzi e Damon Phillips, publicada em junho deste ano na revista Harvard Business Review (HBR). Os pesquisadores avaliaram 400 pessoas com especialização em investimento bancário. Elas se formaram pelos principais programas de MBA dos EUA entre 2008 e 2009 e, de acordo com as áreas de atuação antes e durante a formação, foram divididas entre especialistas e generalistas. A pesquisa acompanhou ainda o período após a conclusão dos estudos de especialização.
Jennifer Merluzzi, professora na Universidade de Tulane e corresponsável pela pesquisa, comentou os resultados apontados. Em entrevista para a HBR ela afirma que profissionais generalistas têm maior potencial de liderança, uma vez que conseguem administrar múltiplas áreas e contornar situações difíceis dentro da empresa – ou seja, são mais flexíveis. A pesquisa aponta que os especialistas ganham 36% a menos de signing bonus (quantia em dinheiro combinada com a pessoa para que ela adentre na empresa) do que os generalistas.
Um exemplo citado por Merluzzi para ilustrar a diferença entre os dois profissionais vem do esporte. Ela conta que uma outra pesquisa apontou que jogadores de basquete especializados em fazer cestas de três pontos têm menor valor agregado e menos assédio dos fãs do que os jogadores que têm habilidades para fazer mais de uma jogada. No mercado de trabalho, é mais fácil para a empresa restringir as vagas para candidatos com especialidade em uma área do que para alguém com múltiplas habilidades, afirma.
A pesquisadora ressalta que as habilidades comuns entre generalistas só são confiáveis quando a formação é de qualidade. E mesmo com a capacidade de se ajustar à várias posições dentro da empresa, é preciso conhecer muito bem a área em que se trabalha para ter um bom desempenho.