Embora insistam que não há a ocorrência de febre aftosa no Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB) e o vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, admitiram nesta terça-feira, pela primeira vez, a hipótese de aceitar o sacríficio sanitário dos 2,2 mil animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte do estado), onde o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou ter detectado um foco da doença. Se a opção for essa, o Paraná poderá recuperar o status internacional de área livre de febre aftosa no prazo de seis meses.
A mudança de posição do governo do estado foi assinalada nesta terça pela manhã, depois que, no dia anterior, o Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec) composto pelas 11 principais entidades do agronegócio paranaense divulgaram uma nota em que consideravam o sacrifício sanitário do rebanho da Fazenda Cachoeira como a melhor solução para o impasse. Isso porque o Ministério já comunicou o suposto foco de aftosa à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). A avaliação dessas entidades é de que, mesmo considerando que o Paraná possa ter sido "injustiçado" com a confirmação de um foco inexistente, a continuidade do impasse só trará mais prejuízo ao estado.
"Talvez tenhamos que tomar uma medida prática para escapar das sanções internacionais", afirmou Requião na reunião semanal com o secretariado, em Curitiba. Mas ele não deixou de criticar duramente o ministério. "O laboratório [Laboratório Nacional Agropecuário, Lanagro] do Rio Grande do Sul supostamente teria determinado a aftosa. Não determinou coisa alguma. O diagnóstico não é deles. É dos atletas do ministério", disse.
O governador informou também que mandou uma equipe da TV Educativa (estatal), acompanhada de veterinários, à fazenda Cachoeira, para mostrar que o gado está sadio, engordando e sem sinais visíveis de aftosa. A reportagem, segundo ele, poderá ser usada como prova em futuras ações na Justiça contra o governo federal.
Rever o diagnóstico
Pessuti, que também participou da reunião, disse esperar que o Ministério ainda reveja o diagnóstico com possíveis novos exames negativos de líquido esôfago-faríngeo dos animais da fazenda. Se isso não ocorrer, ele afirmou que o governo estadual vai estudar, a partir da semana que vem, "todas as possibilidades, inclusive o sacrifício sanitário".
A decisão não será imediata porque Pessuti quer esperar o resultado de três eventos: as audiências sobre o assunto na Câmara dos Deputados (ocorrida ontem), na Assembléia Legislativa (marcada para amanhã) e o retorno dos técnicos do ministério que viajaram a Paris, sede da OIE, para explicar a situação do Paraná.