O Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém (PA), encaminhou nesta quinta-feira à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) mais 43 testes negativos para febre aftosa em bovinos da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte do Paraná). Esses exames se somam aos 48 concluídos na semana passada e reforçam o argumento do governo paranaense, que ainda tenta convencer o ministério a voltar atrás na decisão que levou ao anúncio, no último dia 6, de um foco da doença na fazenda. Até agora, são 91 resultados negativos para a identificação do vírus aftósico na propriedade, de um total de 209 amostras coletadas.
A Seab recebeu também nove exames negativos de animais da Fazenda Santa Isabel, no município de Grandes Rios, onde também havia a suspeita de um foco de aftosa. Os resultados são de exames Probang e Elisa, realizados no líquido do esôfago e da faringe dos animais. Nos próximos dias, o Lanagro deverá concluir outros 133 testes em materiais coletados no Paraná.
Na próxima terça-feira, técnicos do ministério vêm a Curitiba para definir com colegas da Seab os termos de um acordo técnico para solucionar o impasse em torno da questão. Embora insista na tese de que todas as provas apontam para a inexistência de aftosa no rebanho paranaense, o vice-governador e secretário Orlando Pessuti já deu sinais de que o governo estadual aceitará o sacrifício sanitário das 1.760 cabeças da Fazenda Cachoeira. Embora considerada injusta, a medida seria a única forma de recuperar o status de área livre de febre aftosa com vacinação no prazo de seis meses.
O advogado Ricardo Jorge Rocha Pereira, que representa o pecuarista André Carioba, dono da Fazenda Cachoeira, disse que usará os resultados negativos dos exames Probang como prova para defender, na Justiça, o argumento de que o Ministério da Agricultura tem uma interpretação errada das normas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). "A constatação de aftosa pelos critérios do ministério de sorologia positiva, vinculação epidemiológica e sinais clínicos da doença só é válida para áreas onde não é feita a vacinação, o que não é o caso do Paraná", afirma.