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Ensino

Professores buscam qualificação cada vez mais cedo

A procura pelos cursos de mestrado e doutorado nas principais instituições de ensino superior do País vem crescendo ano a ano. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, em 2004, 3.507 alunos participaram dos 45 cursos ofertados. No ano anterior, em 2003, foram cerca de 2.300. A busca pela titulação deverá aumentar ainda mais desde que o Ministério da Educação (MEC) anunciou, no início de janeiro, que quer dobrar o número de doutores formados pelas universidades brasileiras até 2010. Outro incentivo para a procura foi o anúncio também do MEC da contratação de 6 mil novos professores para a rede pública de ensino superior para este ano.

Nas instituições de ensino superior, a seleção de professores é feita por meio de concurso público, que funciona como um vestibular. São aplicadas provas que avaliam o nível de conhecimento dos candidatos. Sempre há também uma prova de títulos, na qual os que têm uma formação acadêmica mais extensa levam vantagem. A pontuação nesta etapa é complexa, mas quem cursou alguma pós-graduação tem mais chance. "Hoje 47% dos professores da UFPR têm a titulação de doutor", garante o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Nivaldo Rizzi.

"Nos concursos ganha o mais qualificado", conta a professora Maria Suely Soares, presidente da Associação de Professores da UFPR (Apufpr). Maria explica que nas instituições públicas existem os cargos de professor auxiliar de ensino, professor assistente, professor adjunto e, por fim, professor titular. O graduado que não tem nenhuma pós-graduação pode ser auxiliar; quem fez um mestrado pode trabalhar como assistente; enquanto o professor que tem um doutorado pode atuar como adjunto. Para ser titular é preciso entrar em concurso público específico.

"Uma especialização já é uma qualificação, mas o que é importante mesmo é ter um mestrado ou um doutorado", fala a professora. Maria diz que a maioria dos professores titulares é composta por doutores. "Antes era difícil fazer um curso de pós-graduação, mas hoje em dia o professor sente como se faltasse um pedaço dele se não fizer". Um empecilho irônico citado pela professora é o próprio governo, que não facilita a requalificação do corpo docente das universidades. "Está cada vez mais difícil conseguir uma bolsa para fazer uma pós. O professor precisa trabalhar, por isso alguns enfrentam situações de extremo sacrifício", diz.

A professora de Português e Literatura Nathalia Saliba Dias não perdeu tempo e começou a se qualificar já durante a graduação. Ela fez um curso de especialização em História da Arte na Faculdade de Artes do Paraná (FAP). "Eu não queria ficar parada. Depois de se formar a gente começa a trabalhar e fica fácil se acomodar. Resolvi não dar chance para isso", explica. Logo depois de terminar a graduação, ela já engatilhou um curso de mestrado em Literatura na UFPR, que está cursando ainda.

Pelo menos uma vantagem a professora já tirou do mestrado. "Eu consegui me tornar professora de um colégio particular aos 22 anos apenas por estar fazendo o mestrado", conta. Mas como Nathalia pretende dar aulas na universidade, ela desistiu de ensinar crianças. "Não tenho pretensão de trabalhar com ensino fundamental ou ensino médio porque trabalhar com crianças é muito mais braçal que intelectual", justifica.

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