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Mão de obra

Qualificação além da graduação ainda é “luxo” no setor de TI, mas pode abrir portas

Brasil investiu quase  R$ 190 bilhões  no setor de TI em 2016. Foi o país  que mais aplicou recursos  no segmento na América Latina. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Brasil investiu quase R$ 190 bilhões no setor de TI em 2016. Foi o país que mais aplicou recursos no segmento na América Latina. (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

A crise político-econômica que deixou o Brasil em recessão nos últimos dois anos não foi capaz de frear o setor de TI no país: o segmento investiu, no ano passado, US$ 60 bilhões – 7ª posição mundial e 1º na América Latina, com 45% do total. O crescimento desse mercado foi de 3%, diante dos 2,4% de aumento no resto do mundo.Os dados são da Associação Brasileira das Empresas de Software em parceria com a International Data Corporation (IDC).

Para Sérgio Mainetti Junior, presidente da Associação das Empresas do Parque de Software em Curitiba (APS), dois fatores explicam o avanço. “O Brasil estava parado nos últimos três anos e agora corre para não ficar defasado. E as empresas estão vendo que investir em automação dos processos, software, informática, é a melhor maneira de sair da crise”, pontua. Tudo isso, segundo Paulo Cayres, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Faculdade da Indústria IEL, também mune os gestores de informação na hora de tomada de decisões.

Diante da evolução do setor – que aumenta,também, a velocidade dos avanços tecnológicos– as empresas começam a buscar profissionais que tenham experiência prática no mercado aliada ao conhecimento teórico de um curso de pós-graduação – perfil que é relativamente raro nesta área. “Ainda é uma tendência. De 5 a 10% das empresas, apenas, procuram o profissional com as duas frentes”, explica Sérgio Mainetti Jr.

Além dos trabalhadores com cursos lato sensu (que realizaram especialização ou MBA), os mestres e doutores devem ser valorizados dentro do campo de TI – portanto,quem é da área e investe na academia também consegue atuar além da sala de aula com mais facilidade. “A inserção de mestres e doutores é fundamental nas empresas e indústrias. Na Coreia do Sul, país da Samsung, 80% desses acadêmicos trabalham nas empresas. No Brasil, apenas 20%”, compara Filipe Cassapo, especialista em Indústria 4.0 da Fiep. “Assim como é necessária a presença de técnicos e tecnólogos, mestres e doutores dão capacidade à companhia de transformar conhecimento em produtos e processos inovadores”, completa.

Tendências

Com o setor de TI se desenvolvendo e, sendo ele, um campo inovador por excelência, as áreas com potencial de crescimento trarão transformações na forma como nos relacionamos com o mundo.

Uma delas é a machine learning: fazer algo- ritmos de software que aprendem por si só. “É a coqueluche do Vale do Silício [região da Califórnia, nos EUA, conhecida pelo pioneirismo tecnológico] e deve chegar por aqui em cinco anos”, comenta o presidente da APS. “Um curso chamado Data Science alia desenvolvimento de software e estatística para lidar com machine learning. Quem investir nessa ideia será muito requisitado no futuro”, diz.

Já Filipe Cassapo pontua cinco áreas que estão esperando para serem desbravadas: a Internet das Coisas: sistemas autônomos e inteligência artificial; big data: manipular e extrair conhecimento de enorme quantidade de dados; processamento e armazenamento em nuvem; manufatura aditiva (impressão 3D); e segurança cibernética: segurança e confiabilidade dos dados e informações.

Outra tendência, que, segundo Cassapo, deve estar consolidada em 2020, é a chamada Indústria 4.0. “Nada mais é do que a digitalização (internet das coisas, big data machine learning, realidade virtual) dos processos industriais, para aumento da produtividade e da competitividade”, esclarece o especialista.

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