O secretário do Tesouro Americano, John Snow, fez elogios nesta segunda-feira à economia brasileira e disse que os investidores estão dando um voto de confiança ao país. Snow afirmou que se reuniu com investidores de capital de risco e disse que ouviu deles que a economia brasileira está superando suas dificuldades.
- Nas minhas conversas, ficou clara a visão que eles (investidores) têm da economia brasileira. Eles estão dando um voto de confiança - disse o secretário.
Snow disse ainda que o mercado financeiro está "tirando de letra" a crise política. Segundo ele, uma prova disso é o fato de os mercados acionário, cambial e de juros estarem reagindo bem. O que reitera o argumento de que o importante é o Brasil ter uma política macroeconômnica forte.
Snow se reuniu no início da tarde com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo o secretário, Palocci deu uma boa visão da economia brasileira e ressaltou que a questão crucial agora é manter as conquistas que já foram feitas. Entre os pontos citados por Palocci como positivos estão a nova Lei de Falências e reformas como a que está sendo feita no setor de resseguros.
Snow também se reuniu com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Segundo ele, tanto Meirelles quanto Palocci ressaltaram que o importante é saber que a economia brasileira está crescendo e gerando empregos, mesmo com uma taxa de juros elevada.
O secretário, que participa na terça-feira da Quarta Reunião do Grupo Brasil-Estados Unidos para o Crescimento, no Rio de Janeiro, falou de uma proposta que será discutida no evento. Por ela, o Banco Interamericano de Deenvolvimento (BID) teria um mecanismo para ajudar os investidores a avaliar projetos de infra-estrutura. Isso seria uma espécie de selo de garantia dado pela instituição aos projetos, o que os tornaria mais atrativos e ajudaria as economias do hemisfério a crescer.
Snow está no país para uma visita oficial de três dias. A criação do Grupo Brasil-EUA foi anunciada em junho de 2003, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, com o objetivo de aprofundar o diálogo sobre políticas para acelerar o crescimento da produtividade de Brasil e Estados Unidos, incluindo o combate à pobreza e a criação de empregos.
Em entrevista à jornalista Miriam Leitão transmitida pela Globo News TV, Snow disse que "boas políticas nunca são constrangimento ao crescimento. Elas produzem crescimento que libera as energias da economia, aumenta o consumo e tira as pessoas da pobreza".
Sobre o déficit fiscal americano, Snow afirmou: "Nós estamos trabalhando nisso", e afirmou que o déficit tem caído muito, principalmente pelo crescimento econômico, que está aumentando a arrecadação.
Perguntado se, na opinião dele, o Brasil pode crescer com juros tão altos, o secretário do Tesouro dos EUA disse que esse é um dos assuntos que ele pretende conversar com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
- Juros muito altos atingem os investimentos e eles caem - disse John Snow.
Mas, no caso do Brasil, o país ainda está crescendo. Por isso, ele quer entender melhor a questão na conversa com as autoridades brasileiras.
Perguntado se o governo dos Estados Unidos está preocupado com as denúncias de corrupção contra o governo Lula. Snow disse: "Isso é assunto interno. O importante é o Brasil continuar buscando boas políticas econômicas".
- É interessante olhar a reação do mercado. Ela tem sido bem moderada. A taxa de risco subiu um pouquinho, mas está bem abaixo dos níveis da crise de 2002, quando o presidente Lula assumiu - avalia Snow.
Perguntando se concordava com o jornal americano "The New York Times", que publicou no último sábado que os casos de corrupção, como os que aconteceram no Brasil, no Peru e no México ameaçam a democracia, Snow respondeu que realmente concorda que a corrupção mina a democracia, os mercados e a confiança dos investidores. Ele acha que a corrupção em si é um impedimento ao crescimento e à prosperidade e precisa ser corrigida.
O secretário comentou que há espaço para que as autoridades de Brasil e EUA trabalhem juntas no combate à lavagem de dinheiro.
- Um país não consegue isso sozinho - concluiu.
Sobre a Alca, Snow também mostrou confiança. Disse que ainda está esperançoso sobre o progresso nas negociações.
Snow destacou a importância das relações entre Brasil e Estados Unidos. Disse que 400 das 500 maiores empresas americanas têm investimentos no país.
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