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aftosa no PR

Suspeita da doença expõe "guerra da carne" entre estados

A demora no diagnóstico definitivo sobre a suspeita de febre aftosa no Paraná, que completará um mês na próxima segunda-feira, trouxe à tona uma disputa que até agora era travada nos bastidores: a guerra por mercados – interno e externo – entre os principais estados produtores de carne.

Essa disputa, de acordo com matéria publicada na edição deste sábado da Gazeta do Povo, se tornou pública e foi admitida, nesta sexta-feira, até pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues.

O presidente da Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne), Péricles Salazar, começou o ataque, na quinta-feira. Ele afirmou que "forças ocultas" estariam agindo para prejudicar as exportações do Paraná – o sexto exportador nacional, fazendo pressões para que se mantenha a suspeita sobre o estado.

Salazar chegou a acusar diretamente a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), de beneficiar grandes empresas exportadoras sediadas em outros estados, especialmente São Paulo.

RespostaA Abiec, que representa os grandes frigoríficos exportadores brasileiros – a maior parte de São Paulo, principal exportador de carne bovina – atualmente é presidida por Marcos Vinícius Pratini de Moraes, ministro da Agricultura no governo de Fernando Henrique Cardoso.

A Abiec negou a acusação com veemência. O diretor executivo da entidade, Antônio Jorge Camardelli, disse que a liberação do Paraná é um problema técnico que precisa ser resolvido entre o governo estadual e o Ministério da Agricultura, "longe" das entidades.

"Atuamos em favor do Brasil, independente da pressão de qualquer associado." Camardelli criticou a posição do Sindicarne. "Numa hora crítica como essa, precisamos trabalhar unidos para consolidar a imagem do país."

Segundo Camardelli, a Abiec tem feito gestões que favorecem o Paraná, como o trabalho para a manutenção da exportação de carne bovina do estado para a Rússia e a redução das barreiras sanitárias impostas pelo governo de São Paulo.

PressãoNa sexta-feira, em Jaboticabal (SP), o ministro Rodrigues confirmou que recebe pressões para que confirme ou negue a existência de focos de aftosa no Paraná, mas garantiu que o anúncio final sobre o assunto será eminentemente técnico.

"As pessoas querem uma decisão política. Eu sou pressionado pelo governo e pelos empresários do Paraná para dizer que não é (aftosa). E pelos empresários do resto do Brasil para dizer que é, porque é mais fácil dizer que tem um foco, que ele será isolado e que se pode voltar a exportar carne."

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