A relação parece clara: as melhores empresas do mundo têm os melhores profissionais, certo? Mais ou menos. As companhias que estão no topo têm sim um time de estrelas, mas a diferença entre o sucesso e o fracasso das grandes empresas não está exatamente na quantidade de pessoas talentosas que elas empregam, mas na forma como esses talentos são distribuídos dentro do negócio.
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Um estudo da Bain & Company mostra que as melhores empresas têm praticamente o mesmo porcentual de talentos de empresas com desempenho pior. Contudo, as empresas vão melhor quando concentram os profissionais com as melhores avaliações nas áreas mais importantes para o resultado do negócio em vez de distribuí-las igualmente em diferentes áreas.
“Nossa pesquisa sugere que as práticas de implantação de pessoas representam uma parcela significativa da diferença de produtividade e desempenho entre o melhor e o resto. Para ter certeza, muitas outras práticas também estão em jogo. Mas a implantação é de vital importância”, afirma para Michael Mankins, sócio do escritório de São Francisco da Bain & Company, na Califórnia, em artigo na Harvard Business Rewiew.
Uma auditoria detalhada em 25 empresas globais realizada em paralelo a uma pesquisa com 300 executivos de grandes companhias mostrou que, em média, 15% força de trabalho de uma empresa (um em cada sete funcionários) são jogadores A ou estrelas, número que oscila pouco muito entre as empresas do topo e as demais – de 16% a 14%.
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Embora representem apenas um sexto do total de profissionais, as estrelas fazem diferença em um ambiente de trabalho. De acordo com a pesquisa, na média, os melhores desempenhos são aproximadamente quatro vezes mais produtivos que os profissionais médios. Já em trabalhos altamente especializados ou criativos, essa diferença chega a ser seis vezes maior.
Enquanto as melhores empresas concentram seus talentos em áreas estratégicas nas quais eles possam exercer o maior impacto no desempenho do negócio – 95% das funções críticas para o negócio são ocupadas por estrelas, segundo a pesquisa – as demais empresas tentam espalhar seus jogadores “A” de maneira igualitária em várias áreas do negócio de forma que, cada equipe tenha, portanto, pelo menos uma estrela. Essa abordagem igualitária pode parecer justa, mas não traz resultados efetivos.
Nos dias de hoje, a tendência tem sido de um igualitarismo forçado nas empresas, argumenta Yoshio Kawakami, consultor da Raiz Consultoria, especializada em planejamento, gestão estratégica e governança. Em geral, a implantação “desigual” de talentos é uma realidade de empresas mais competitivas, afirma ele.
“Se você tem um traço absolutamente igualitário dentro das organizações, as pessoas mais talentosas, com maior ânsia por desafios e habilidades para resolver problemas, não recebem o impulso necessário. Quando a empresa valoriza seus talentos de forma diferente, equilibrada, promovendo oportunidades para todos, consegue maximizar seus resultados”, afirma Yoshio Kawakami, da Raíz Consultoria, especializada em planejamento, gestão estratégica e governança.
Um tratamento justo não quer dizer um tratamento igualitário, mas que valoriza as diferentes competências dos profissionais, segundo Kawakami. A questão, neste caso, é que a avaliação dos talentos precisa ser bastante criteriosa para evitar equívocos, ressalta Thiago Gaudencio, gerente da Michael Page. “A identificação de um talento varia muito. Não é uma receita que se aplica a todas as companhias. Um talento em uma empresa não é talento em outra”, diz.
Coloque as estrelas para jogar juntas
A pesquisa da Bain & Company também desmistifica outra “verdade” do mundo corporativo, de que equipes formadas por estrelas não funcionam, afinal, seriam muitos “egos” orbitando e disputando o mesmo espaço.
Para Michael Mankins, sócio do escritório de São Francisco da Bain & Company, ,a Califórnia, é hora de reconsiderar essa suposição. A junção de jogadores “A” tende a funcionar muito bem, sobretudo quando as apostas são altas como, por exemplo, reinventar o modelo de negócios da empresa, desenvolver um novo produto ou processo ou, então, resolver um problema estratégico. “Não parece tolice colocar as melhores pessoas no mesmo trabalho, desde que você possa encontrar uma maneira de gerenciá-las de forma eficaz”, diz Makins. Além de poder de fogo, outra grande vantagem de ter equipes de estrelas é a sinergia. Colocar os melhores cérebros juntos pode estimular a criatividade e o surgimento de ideias que nenhum membro da equipe teria desenvolvido sozinho.