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O sarcasmo não é pecado, embora muitas empresas o tratem como tal. E, apesar de os comentários ácidos serem considerados um tipo agressivo de humor e mal vistos dentro do ambiente corporativo, eles têm o seu valor: uma pesquisa recente defende a ideia de que a ironia é um fator que ajuda a cultivar a criatividade dentro das organizações.

Liderado por professores das Escoladas de Negócios de Harvard, Columbia e da europeia INSEAD, o estudo questiona essa postura de combate ao sarcasmo e defende que ele deve ser incentivado nas equipes por servir como uma ferramenta para desenvolver o pensamento criativo e melhorar o entrosamento entre o grupo. Segundo ele, esse tipo de humor cáustico estimula não apenas a criatividade de quem o faz, mas também de quem recebe o comentário.

A partir de testes que simulavam situações em que as pessoas precisavam ser sinceras, neutras ou sarcásticas, os pesquisadores chegaram à conclusão de que o comportamento mais ácido servia como uma espécie de catalizador para a criatividade, fazendo com que as pessoas com esse tipo de perfil apresentassem um desempenho superior às demais. E essa realidade foi percebida em ambos os lados da comunicação.

Ao contrário do que muitas empresas acreditam, essa ironia é descrita pelos professores como um processo mútuo em que emissor e receptor precisam ser criativos para criar e entender a mensagem. Como é preciso diferenciar o conteúdo literal do que está querendo ser dito na fala, a provocação funciona como um estímulo cognitivo.

Outro ponto importante levantado pela pesquisa está relacionado à confiança existente entre a equipe. Para o estudo, o sarcasmo é melhor utilizado em grupos em que os indivíduos se conhecem e se dão bem, o que evita que um comentário um pouco mais ácido ofenda alguém. E o mais curioso é que, mesmo quando ocorre algum tipo de mal-entendido, ele não afeta a criatividade dos evolvidos.

Acidez moderada

Por mais que os pesquisadores defendam que o sarcasmo deva deixar de ser visto como um problema pelas empresas, eles não acreditam que todo tipo de comentário ferino deve ser incentivado. Primeiro porque há uma grande diferença entre esse comportamento e as piadas de mau gosto, que devem mesmo ser evitadas.

Outro ponto é que, mesmo o considerado bom, o sarcasmo deve ser usado com cautela, pois pode gerar confusões por conta de problemas de interpretação. Assim, o que os professores sugerem é que as empresas não desencorajem o uso desses comentários, mas que eduquem seus funcionários sobre os momentos corretos de usá-los.

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