Apesar da acomodação dos preços de imóveis em várias capitais do País, São Paulo ainda apresenta índices de reajuste elevados. A cidade liderou o aumento do metro quadrado em setembro, com valorização de 1,5%, de acordo com o índice FipeZap. É praticamente o triplo da projeção para o IPCA de setembro - a inflação oficial - de 0,52%, cujo número final será conhecido na próxima sexta-feira (05).
"É o maior mercado imobiliário do País e é para onde as grandes empresas têm voltado suas atenções. Por outro lado, São Paulo está sofrendo com número menor de lançamentos neste ano e tenho a impressão de que isso pode estar se refletindo no preço dos usados", diz Eduardo Zylberstajn, coordenador do índice.
Na média, a valorização dos imóveis prontos perdeu força no período. Em seis capitais brasileiras e no Distrito Federal, o valor médio do metro quadrado subiu 0,9%, a menor variação desde o início da série do FipeZap, em setembro de 2010. "Não chega a ser surpresa. Mesmo sendo o menor valor da série, não fugiu à tendência de desaceleração que temos observado", afirma Zylberstajn. Mas, segundo ele, "não se trata, por enquanto, de uma queda brusca".
Queda de preços
O índice FipeZap pesquisa na internet o preço anunciado de imóveis, principalmente usados, mas também novos (com exceção de lançamentos). Durante três meses, de junho a agosto, o indicador repetiu uma valorização de 1%, mas aumentos menores ou queda de preços fizeram a cifra ceder.
Foi o caso do Distrito Federal, que sofreu um recuo relevante de preços no mês passado, de 1,7%. Com isso, o DF perdeu o posto de metro quadrado mais caro do País para o Rio de Janeiro. Agora, comprar um metro quadrado na capital fluminense custa em média R$ 8.358 (alta de 1,2% ante agosto), ante R$ 8.143 no Distrito Federal.
No Rio, o custo do metro quadrado é ainda maior em regiões com procura mais intensa e chega a R$ 18.332 no Leblon e R$ 16.984 em Ipanema, os dois bairros mais caros do País. Na média entre as sete regiões pesquisadas, o preço do metro quadrado ficou em R$ 6.862.
Em 12 meses, o avanço do mercado imobiliário nas sete regiões já caiu à metade em comparação com a mesma situação no passado. Em setembro, a alta acumulada foi de 15,2%, contra 29,7% um ano antes. Em três capitais - Belo Horizonte (+0,1%), Salvador (-0 2%) e Fortaleza (+0,5%) -, a variação perdeu ou empatou para o IPCA projetado de setembro, e em uma venceu (Recife, com alta de 1,1%).
Financiamento
A mudança da política dos financiamentos imobiliários, com o anúncio antecipado das mudanças nos juros e prazos, seria uma maneira de evitar um novo boom de preço, defende o engenheiro José Renato Carollo, em estudo recente apresentado na 12.ª Conferência Internacional da Sociedade Latino-Americana de Mercado Imobiliário (Lares, na sigla em inglês).
"Se você tivesse feito isso mais paulatinamente, você distribuiria essa demanda ao longo do tempo", afirma o autor do estudo. As condições mais facilitadas aumentam a demanda e inflacionam os preços. Com isso, os consumidores precisam comprometer mais a renda para assumir uma prestação, enquanto o governo arrecada mais impostos e as empresas do setor lucram mais com as vendas, diz Carollo.
A ampliação do prazo de financiamentos pela Caixa Econômica para 35 anos, há dois meses, pode dar novo pique para a retomada de preços, diz Carollo. "Não sei até que ponto essas condições estão chegando aos compradores, mas sempre que você mexe e melhora as condições de financiamento, você permite alta de preços", diz Zylberstajn. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.