Enquanto o petróleo fica mais barato lá fora, os preços dos combustíveis batem recordes no mercado brasileiro. Em janeiro, o consumidor curitibano pagou, em média, R$ 3,51 pelo litro da gasolina e R$ 2,65 pelo álcool.
Os preços, coletados entre os dias 1.º e 28, representam as maiores médias mensais – em valores nominais – apuradas desde o início das pesquisas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em julho de 2001.
Em termos reais, ou seja, atualizando os valores passados pela inflação acumulada até dezembro de 2015 (dado mais recente), os preços atuais ainda estão distantes dos maiores já registrados.
Com a correção pelo IPCA, o maior valor mensal para o etanol em Curitiba seria o de março de 2006, quando o combustível foi vendido por R$ 2 o litro – o equivalente, hoje, a R$ 3,50. No caso da gasolina, os R$ 2,19 por litro registrados em fevereiro de 2003 correspondem atualmente a R$ 4,65.
Acima da inflação
Na comparação com a média de dezembro de 2015, a gasolina subiu 0,4% nos postos de Curitiba em janeiro, enquanto o etanol ficou 1,6% mais caro. Em 12 meses, os reajustes foram de 22% e 34,5%, respectivamente. Bem acima da inflação, que fechou 2015 em 10,67% pela medição do IPCA.
O preço da gasolina subiu no embalo dos reajustes feitos pela Petrobras na refinaria – de 3% em novembro de 2014 e 6% em setembro de 2015 – e do aumento das margens das distribuidoras. Essas empresas, que compram o combustível da indústria e o revendem aos postos, elevaram seus preços em 24% nos últimos 12 meses, em média, segundo a ANP.
Uma parte do aumento também está relacionada à tributação. Em abril do ano passado, o governo paranaense elevou a alíquota do ICMS de 28% para 29%, o que, segundo cálculo feito à época pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), teria impacto de 1,4% sobre o preço na bomba.
Demanda
Os reajustes do álcool são resultado, principalmente, do aumento da demanda. Uma vez que os aumentos da gasolina tornaram o etanol mais competitivo para carros com motor flex durante boa parte do ano, consumidores de vários estados migraram para o combustível vegetal. Levantamento do Sindicom (que representa as distribuidoras) mostra que, enquanto a venda total de combustíveis no país baixou 3% em 2015, o consumo de etanol cresceu 39%.
Nas usinas de São Paulo, que respondem por 60% da produção nacional, o combustível de cana-de-açúcar ficou quase 40% mais caro nos últimos 12 meses, segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). No mesmo período, os preços cobrados pelas distribuidoras subiram 37%, em média, segundo a ANP.