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Trabalho excessivo

Presidente de empresa japonesa se demite após morte de funcionária

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(Foto: STR/AFP)

O presidente da gigante da propaganda Dentsu Inc., Tadashi Ishii, anunciou na quarta-feira (28) que deve deixar o cargo no mês que vem. A renúncia é resultado do tumulto em torno do suicídio de uma funcionária causado por horas excessivas de trabalho.

Ishii fez o anúncio em uma coletiva de imprensa em Tóquio depois que as autoridades encaminharam os papéis aos promotores sobre a morte de Matsuri Takahashi, de 24 anos, que cometeu suicídio no ano passado.

“Era uma cultura corporativa que aprovava trabalhar sem limites durante longas horas. Nós queremos reconsiderar todas as nossas práticas trabalhistas”, disse o executivo. Ishii e outros dois funcionários do alto escalão da Dentsu se curvaram por cerca de 10 segundos. Essa foi a primeira vez que Ishii realizou uma coletiva de imprensa desde a morte de Takahashi.

Escritórios de inspeção de normas trabalhistas estavam dando instruções para corrigir jornadas de trabalho ilegais e excessivas na Dentsu desde 2010. Ainda assim, a companhia não conseguiu evitar o suicídio de Takahashi.

“Eu estou profundamente envergonhado pelo fato de funcionários ainda jovens se matarem enquanto recebemos inúmeras vezes instruções das autoridades”, declarou Ishii. O presidente também disse que visitou a família de Takahashi e se desculpou pessoalmente com eles no domingo, data que marcou um ano da morte da jovem.

Também sobre a morte da funcionária, o vice presidente da Dentsu Shoichi Nakamoto declarou: “O forte sentimento de responsabilidade e os relacionamentos com as pessoas no escritório fizeram com que ela ficasse profundamente estressada”. O vice presidente ainda completou dizendo que “existiam instruções excessivas (dadas a Takahashi), e as alegações de abuso de poder não podem ser negadas.”

Veio à tona também o número de casos de horas extras subnotificadas, depois que a gerência checou os horários que os funcionários entravam e saíam do escritório. Em 2013, foram 5.626 casos de empregados que ficaram por uma hora ou mais depois do horário que notificaram terem saído. Em 2015, esse número aumentou ainda mais, chegando a 8.222 casos.

A empresa é conhecida por suas “dez regras do diabo”, as diretrizes da Dentsu para os funcionários. Entre elas estavam, por exemplo, “uma vez começado, não pare até terminar, mesmo que você seja morto”. A administração da empresa decidiu remover as regras dos cadernos dos funcionários no ano que vem.

Yumiki, mãe de Matsuri Takahashi, divulgou um comunicado na quarta-feira, via advogado, em que ela diz: “eu quero me certificar de que empresa implementou medidas para eliminar as longas horas de trabalho, para evitar que outro empregado se torne uma vítima no futuro, como Matsuri. Eu quero que a realidade do que aconteceu seja completamente explicada pela investigação das agências de trabalho e outras autoridades, e que assim a conclusão apropriada seja tirada com base nas leis corretas.”

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