Com a manutenção no Senado da espinha dorsal do discurso apresentado na semana passada na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, repetiu nesta terça-feira (15) que a instituição trabalhará para trazer inflação o mais próximo do centro da meta em 2016. A declaração foi feita na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Na ocasião, Tombini afirmou que o BC trabalhará para a inflação convergir para o centro da meta em 2017.
Mais uma vez, o presidente do BC reiterou no Senado o discurso que nega situação de “dominância fiscal” no Brasil. Segundo ele, os atrasos no ajuste fiscal postergaram convergência da inflação para 4,5% no horizonte. Disse também que o atraso no ajuste fiscal acabarão adiando também a retomada do crescimento. Repetiu, no entanto, que o Banco Central não limitará as suas ações pelos possíveis impactos fiscais de suas decisões.
Tombini disse mais uma vez que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) continua “bem capitalizado e líquido” e que segue com a inadimplência controlada.
Ajuste externo, fiscal e monetário
O presidente do BC afirmou que atrasos na implementação de ajustes poderiam comprometer fundamentos ainda sólidos da economia brasileira. Segundo ele, a postergação desses ajustes não traria benefícios à sociedade.
“O ambiente doméstico tem sido impactado por ajustes nas áreas externa, fiscal e monetária. Mas os custos são percebidos pela sociedade antes de seus benefícios, levando a questionamentos desse processo. Essa percepção inicial pode levar a um bloqueio parcial de propostas de ajustes, trazendo incertezas”, comentou, durante a audiência pública na CAE do Senado.
Para Tombini, esse potencial atraso nos ajustes aprofundaria a queda da atividade da economia e ampliaria custos e prazos de implementação das medidas. “Clareza e determinação são elementos essenciais para o processo”, completou.
O presidente iniciou sua apresentação aos senadores reafirmando que a economia global deve continuar a expandir-se a um ritmo moderado, sendo que as economias avançadas devem mostrar recuperação gradual e as emergentes devem moderar ritmo de crescimento do PIB.
Ele citou que o Brasil é afetado pelo inicio do processo e normalização das condições monetárias dos Estados Unidos, que pode ocorrer na quarta-feira (16) o que tem levado ao fortalecimento do dólar. “Há a expectativa de que ciclo de aumento das taxas de juros americanas seja gradual e cauteloso. É processo complexo”, completou.
Sobre as economias emergentes de maior destaque, Tombini destacou a desaceleração da economia da China. Ele citou a depreciação de moedas desse grupo de países e as condições de financiamento mais rígidas no mercado global.
Setor externo
De acordo com ele, os termos de troca no Brasil tem se deteriorado desde 2011. “Dentro de nossa abordagem do tripé macroeconômico, o câmbio flutuante atuou como primeira linha de defesa da economia”, disse.
Tombini destacou como progressos do setor externo o saldo positivo da balança comercial de US$ 13 bilhões até novembro ante déficit verificado em igual período de 2014. Ele também disse que as quantidades vendidas no exterior cresceram 10% ao mesmo tempo e as importações caíram 14%.
Esses resultados, de acordo com ele, colaboram para que setor externo volte a apresentar contribuição líquida positiva para o crescimento do país depois de 10 anos. Por conta disso, o BC passou a prever um recuo de US$ 40 bilhões em 2015 do déficit da conta corrente.
“Evidências setoriais desse processo já podem ser vistas em alguns segmentos da indústria de transformação”, citou. Ele também disse que a depreciação do câmbio torna economia brasileira mais atrativa para investidor internacional.
O BC projeta Investimento Direto no País de US$ 65 bilhões em 2015, o que, conforme Tombini, demonstra a confiança dos investidores internacionais em nossa economia. O IDP, previu, será suficiente para cobrir déficit em conta corrente em 2015. “E deve ser ainda mais acentuada a tendência positiva em 2016”, projetou.