O presidente eleito do Paraguai, Horácio Cartes, já convocou uma equipe de técnicos para estudar os termos do Tratado de Itaipu e "dar seu ponto de vista" sobre o acordo com o Brasil. A informação foi dada pelo vice-presidente eleito, Juan Afara, em Assunção.

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Não ficou claro, contudo, se o novo governo, que assume em agosto que vem, vai tentar renegociar o preço da energia vendida ao Brasil.

"Vamos por todo o nosso empenho nos tratados internacionais. Vamos estudá-los, e os técnicos estão trabalhando nisso", disse Afara. "Seguramente eles vão dar seu ponto de vista --que logo analisaremos com o presidente e sua equipe econômica."

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Em um estudo encomendado pelo atual governo, do liberal Federico Franco, o economista americano Jeffrey Sachs diz ter identificado que a dívida paraguaia com a construção da usina de Itaipu já foi paga.

"Com uma análise objetiva, me parece que uma grande proporção da dívida para construir a represa já foi paga, ao menos a porção paraguaia dela", disse Sachs ao jornal paraguaio "ABC Color".

No entanto, a estimativa da usina é que a dívida de Itaipu será quitada apenas em 2023. Em coletiva de imprensa no dia seguinte à sua vitória, Cartes reforçou que 2023 é o prazo oficial para saldar a dívida e sugeriu que não pretendia seguir com a assessoria de Sachs.

"Nós temos que sentar, com toda a seriedade, para administrar essa riqueza. Quero trabalhar com o Brasil e não contra o Brasil", disse, na última segunda-feira, o presidente eleito.

Cartes evitou falar sobre Itaipu durante sua campanha e despistou quando perguntado se pretende renegociar o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia excedente. O atual presidente, Federico Franco, disse que o Paraguai deveria parar de "ceder" sua energia ao Brasil e à Argentina --com quem o país divide a usina de Yacyretá.

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No caso de Itaipu, o tratado prevê que cada lado fique com 50% da energia. Como o Paraguai só consome aproximadamente 9% do total, vende o restante de sua quota ao Brasil por US$ 8,40 cada MW/h. O governo brasileiro argumenta que é preciso somar a esse valor o chamado "custo da energia garantida" (referente à dívida da usina e gastos de manutenção), de US$ 43,7 por MW/h, que também é pago pelo Brasil, mas não vai para o caixa paraguaio.

O valor médio pago em leilões de energia no Brasil entre 2004 e 2011 foi de US$ 61 para cada MW/h. A energia que vem de Itaipu representa cerca de 17% da energia consumida no Brasil.