Pressionada pelos preços de alimentos e despesas pessoais, a prévia da inflação oficial brasileira acelerou ainda mais em junho, acima do esperado e a maior taxa para esses meses em quase duas décadas, deixando mais complicada a tarefa do Banco Central de manter sob controle as expectativas de alta de preços.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,99% neste mês, bem acima do avanço de 0,60% visto no mês anterior e a maior para junho desde 1996 (quando foi de 1,11%), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19).
Com isso, o indicador acumulou em 12 meses alta de 8,80%, a maior desde dezembro de 2003, quando avançou 9,86%.
Segundo o IBGE, o principal vilão do IPCA-15 neste mês foram os preços de Alimentação e Bebidas, que subiram 1,21% sobre maio, respondendo por 0,30 ponto percentual do índice geral. Destaque para os preços de cebola (+40,29%) e tomate (+13%).
Já o grupo com maior variação foi o de Despesas Pessoais, que mostrou inflação de 1,79%, fortemente influenciada pelos jogos de azar, com alta de 37,77% no mês. Este item, ainda segundo o IBGE, foi o que mostrou o maior impacto no indicador individualmente, com 0,14 ponto percentual.
O IBGE também continuou mostrando os preços de energia elétrica em alta, de 1,12% neste mês. Esse serviço vem mantendo a inflação sob pressão após série de aumentos de impostos e tarifas do setor.
Com a inflação persistentemente alta, o BC destacou a necessidade de “determinação e perseverança” no combate à alta dos preços, e parte dos especialistas acreditam que o aperto monetário será ainda mais intenso do que o esperado antes.
Previsão
Pesquisa Focus do BC mostra que a expectativa é de que o IPCA encerre o ano a 8,79% por cento, com a Selic terminando a 14%. Já o mercado futuro de juros, com o resultado do IPCA-15 deste mês, passou a ver a Selic encerrando este ano a 14,75%. Até a véspera, as apostas eram de 14,50%.