A indústria brasileira ensaiou uma leve recuperação em maio. Ampliou sua produção em 0,6%, na comparação com abril, quebrando uma sequência de três meses em contração. O discreto número positivo, no entanto, é insuficiente para reverter o cenário desfavorável que se estende há mais de um ano. Para analistas e o próprio IBGE, que divulgou os dados nesta quinta-feira, 2, o avanço é muito pouco para fazer frente à queda acumulada de 3,2% registrada entre fevereiro e abril.
Quando se considera outros tipos de comparação, o mau momento da indústria fica evidente. Em relação a maio do ano passado, o setor encolheu 8,8%. Foi a 15ª taxa negativa nesse tipo de cálculo. Já no acumulado do ano, a queda é de 6,9% e, em 12 meses, a contração chega a 5,3% – pior taxa nessa base de comparação desde dezembro de 2009, quando chegou a 7,1%. “A gente interpreta esse crescimento só como um soluço, diante de um quadro muito adverso. Se a gente olhar para a confiança industrial, por exemplo, continua em queda”, destacou Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.
Os economistas também apostavam em um resultado frente a maio de 2014 ainda pior, de retração de 10,1%. A surpresa ficou por conta do desempenho dos bens semi e não duráveis – grupo que engloba segmentos como alimentação e vestuário. A produção da categoria avançou 1,2% frente a abril, após sete quedas seguidas – período no qual a queda acumulada no segmento foi de 8,5%.
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Uma explicação para o resultado maior que o previsto é a renovação de estoques. Ou seja, depois de reduzir a produção por vários meses, as fábricas produziram mais. “Possivelmente, uma parte desse segmento tinha produção anterior que dava conta do atendimento”, afirma André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE.
Outro elemento que não estava nas contas dos economistas foi o avanço da atividade de outros equipamentos de transporte, que subiu 8,9% frente a abril, puxada principalmente pela fabricação de motocicletas e aviões. O quadro para os próximos meses é negativo. Segundo o IBGE, só no acumulado entre abril e maio, a queda é de 8,3%, em relação ao mesmo período do ano passado. Já é pior que o registrado nos três primeiros meses do ano, quando o setor se retraiu 5,9%. Para Rafael Bacciotti, da Tendências, o segundo trimestre será de queda de 7,5%. Já Aloísio Campelo espera retração de 7,7%. Para o fim de 2015, eles esperam, respectivamente, queda de 5% e 5,5%.
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