Embora não faltem indícios, a hipótese de que a economia está sob dominância fiscal não é uma unanimidade. O Banco Central tem sustentado, com veemência, que o país não se encontra nessa situação, e mesmo alguns economistas mais críticos ao governo discordam da tese de Monica de Bolle. A alternativa que ela apresenta para escapar dessa armadilha também não é muito bem aceita.
“Não descarto a possibilidade de se mudar o regime de câmbio, mas primeiro temos que entender quais são as razões para a flutuação cambial. Ela resulta da necessidade de ajustar os preços internos face os preços externos? Ela resulta desse cenário de instabilidade política? Se for por conta desses dois motivos, eu não partiria para essa alternativa neste momento”, diz André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre).
Braz defende que primeiro se coloque em prática as medidas que o governo tenta executar, a começar por um orçamento com superávit primário. “Isso, me parece, já seria suficiente para transmitir um pouco mais de confiança e regularizar o fluxo de dólares”, avalia.
O economista Karlo Marques Junior, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pesquisou sobre dominância fiscal em seu mestrado e doutorado. Para ele, há características que indicam a ocorrência de uma dominância fiscal neste momento, mas é cedo para dar essa hipótese por verdadeira. Ele também é contrário a um retorno às bandas cambiais.
“Para manter a banda cambial, é preciso usar os dólares das reservas. Se o país gastar boa parte das reservas nesse tipo de política, ficará ainda mais vulnerável às flutuações externas da economia, como aconteceu no fim dos anos 1990”, diz. “E será que a própria adoção das bandas cambiais, tão polêmicas, não tiraria ainda mais credibilidade do governo e acrescentaria mais incertezas à economia?”, questiona. (FJ)
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