A Varig - através da consultoria e dos administradores judiciais atualmente responsáveis pela gestão da companhia - modificou o seu plano de recuperação judicial para adequá-lo à proposta de compra feita pela VarigLog. Nesta sexta-feira, as três classes de credores da Varig estiveram reunidas na sede da empresa para tentar chegar a um acordo e aprovar o novo plano em assembléia, na próxima segunda-feira, mas não houve consenso. O novo plano de recuperação prevê a manutenção de apenas 50 empregos na Varig antiga, que herdará as dívidas, e de até dois mil empregados na Varig nova, que poderá ir a leilão na próxima quarta-feira.Segundo o advogado da Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), Otávio Neves, que participou da reunião, o pagamento das indenizações referentes às cerca de 9.000 demissões que terão de ser feitas é a maior preocupação no momento.
- Pelas contas apresentadas, essas indenizações somam mais de US$ 80 milhões. E ainda não ficou claro quem vai arcar com isso - disse o advogado a jornalistas, após quatro horas e meia de reunião.
Se a proposta da VarigLog for aprovada pela assembléia de credores na segunda-feira, o leilão de venda da nova Varig (operacional) deverá ser realizado na próxima quarta-feira.
De acordo com Neves, os credores governamentais estavam inclinados a aceitar o novo plano de recuperação. Segundo uma outra fonte, que não quis se identificar, as empresas estatais Infraero e BR Distribuidora, assim como o fundo de pensão Aerus, já teriam concordado com as mudanças no plano de recuperação.
- Ainda não se chegou a um consenso, mas alguns credores do governo parecem inclinados a votar a favor das alterações - afirmou Neves.
Já os trabalhadores, segundo ele, ainda vão discutir no final de semana a posição que será tomada. Eles vão pleitear na Justiça que os créditos trabalhistas sejam transformados em moeda de troca para poder participar do leilão.
- Queremos poder usar esses créditos, aliado a algum investidor para fazer uma proposta no leilão - explicou Neves, apesar de a TGV estar impedida de fazer lances no leilão, já que, na primeira tentativa de venda da empresa, fez uma proposta mas não honrou o pagamento.
Até a recuperação judicial, os créditos trabalhistas somavam R$ 170 milhões. E após a recuperação já acumulam outros R$ 103 milhões.
Enquanto os credores governamentais parecem inclinados a aceitar a nova proposta, as empresas de leasing, também grandes credoras da Varig, deverão se abster de votar na assembléia de segunda-feira. As empresas de leasing brigam na Justiça americana pelo arresto de seus aviões hoje em uso pela Varig.
- Os lessor (empresas de leasing) sistematicamente se abstêm, porque não querem reconhecer a jurisdição brasileira sobre as aeronaves - explicou uma fonte citada pela agência Reuters.
Com esse cenário, a aprovação do plano de recuperação judicial e da proposta da VarigLog ficará nas mãos dos trabalhadores que, segundo a mesma fonte, deverão aprová-la, para não serem responsáveis pela falência da empresa aérea.
JUIZ NÃO ACEITA NOVA PROPOSTA DO TGV
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, disse nesta sexta-feira que indeferiu uma petição feita pelo advogado Bezerra Neves, da associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que, em 10 de julho, solicitou junto à Justica do Rio uma nova proposta de compra da Varig por meio do Sindicato Nacional dos Aeronautas. Segundo Ayoub, a petição foi protocolada fora dos prazos legais e por isso não foi aceita.
Em 10 de julho, o advogado entrou com uma petição em nome do sindicato pedindo que fosse avaliada, além da oferta da VarigLog, uma proposta dos trabalhadores.
Ayoub também negou nesta sexta-feira que a Fundação Ruben Berta (FRB) manterá o controle da chamada Varig "velha" após o leilão da companhia aérea. A volta da FRB foi levantada com a avaliação feita, na quinta-feira, da proposta de compra da companhia aérea pela VarigLog.
Segundo advogados da Varig, a gestão da chamada Varig "velha", empresa que ficará com as dívidas da companhia e continuará em recuperação judicial, será mantida com a Justiça. Os advogados explicaram que a Fundação Ruben Berta continuará dona da empresa, mas sem o poder de gestão durante os dois anos em que a companhia estiver em recuperação judicial.
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