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O Brasil está "comemorando" dez anos de adoção do Sistema de Metas para a Inflação. Ao definir uma meta para inflação, isto é, um porcentual desejável para os aumentos generalizados dos preços, o governo tanto torna pública a inflação que pretende perseguir como também deixa mais previsível para o mercado e para a sociedade a sua política de juros, a famosa taxa básica da economia (a Selic). Se a inflação "fugir" da meta, sabe-se que a reação do governo brasileiro será a de elevar os juros para conter o consumo e, assim, frear a alta dos preços.

Estipular uma meta para a inflação é bom, mas o grande erro está em pressupor que a inflação no Brasil é exclusivamente originada na demanda (consumo) e não na oferta (produção). Por essa visão míope e errada, o governo mantém altos os juros no país.

Entre os prós do sistema de metas da inflação estão a maior transparência e a previsibilidade da atuação do Banco Central. Entre as críticas estão o excessivo foco na inflação (que é um dos mais importantes objetivos de políticas econômicas), em detrimento do crescimento econômico (outro importante objetivo, que gera emprego e renda). É por isso que a inflação no Brasil tem-se mantido em níveis aceitáveis. Por outro lado, o nosso crescimento econômico tem-se apresentado muito aquém das necessidades do país. A consequência negativa é o desemprego elevado e o aumento muito pequeno na renda dos brasileiros.

Historicamente, a meta da inflação, que foi de foi de 8% em 1999, vem caindo ano após ano. A meta para este ano e para 2010 é de 4,5%. A dúvida que fica é a meta para 2011. Há os que argumentam que, com a crise financeira, a inflação deverá ceder para um patamar menor. Por outro lado, há os que preveem uma inflação maior, seja porque o efeito da crise será menor, seja porque os preços das commodities voltem a subir. Para os padrões brasileiros, a meta de 4,5% ao ano parece estar em um nível bem adequado.

Se o governo insistir em um nível menor para 2011, as chances de acerto do Banco Central são menores, e o governo precisará manter as taxas de juros (Selic) em níveis mais elevados, o que é ruim para os brasileiros e até para o próprio governo, que teria de fazer um aperto monetário em 2010, algo inadequado em ano eleitoral. A elevação das taxas básicas da economia (agora em 9,25%, finalmente abaixo de dois dígitos) traz as seguintes consequências negativas: encarece o crédito e o financiamento, diminuindo o consumo; adia as decisões de investimentos, reduzindo potencialmente o nível de atividades; encarece o financiamento da dívida pública; e valoriza artificialmente a taxa de câmbio (conversão R$/US$), ao atrair o capital especulativo em excesso.

Enfim, manter a inflação baixa é algo indiscutível e fundamental, principalmente para os brasileiros de menor poder aquisitivo.

Judas Tadeu Grassi Mendes é Ph.D. em Economia pela Ohio State University, autor de seis livros de Economia e diretor-presidente da Estação Business School

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