O dólar em alta serve de escudo para as cotações agrícolas no Brasil diante da crise financeira norte-americana. Subiu 17 centavos de real em uma semana, caiu 6 centavos terça-feira e voltou a subir 2 ontem. A oscilação dos últimos dois dias mostrou, no entanto, que o risco de interferência direta é concreto. Os preços de Paranaguá (exportação), que concorrem com os praticados pelas agroindústrias instaladas no interior do Paraná, tomam a Bolsa de Chicago e o câmbio como principais referências. Se o dólar voltar à faixa de R$ 1,60, a queda no valor dos grãos será imediata, explicam os analistas.
No interior do estado, o ritmo de entressafra no mercado reduz essa pressão. "A preocupação não é com as cotações atuais, mas sim com as da próxima safra", relata o corretor de milho e soja da Intertrading (Curitiba) Carlos Alexandre Dallas.
As vendas da produção de 2008/09 estão atrasadas, o que dá mais peso aos preços futuros. Apenas 15% da soja foi vendida, contra 29% na mesma época de 2007, avalia a Intertrading. Há pouca soja em grão em oferta 90% da safra 2007/08 já foi vendida, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná.
Na última semana, a soja caiu R$ 1, o milho aumentou R$ 0,40 e o trigo subiu R$ 0,41 por saco de 60 quilos no estado, conforme índices oficiais. Nas exportações, houve queda também no milho, de 198 para 185 dólares a tonelada.
O quadro é de apreensão porque já são três meses de queda. A soja perdeu R$ 4,19, o milho R$ 3,52 e o trigo R$ 9,18 por saco desde junho, devido a fatores relacionados à oferta e demanda. "As cotações ainda estão bem acima das médias históricas. Mas a safra atual está sendo plantada com um custo alto, na expectativa de bons preços", observa a engenheira agrônoma do Deral Margorete Demarchi.
Estoque
No caso do milho, frisa, o Brasil tem potencial para exportar 10 milhões de toneladas em 2008, como ocorreu pela primeira vez no ano passado. Se a demanda mundial cair, vai sobrar mais produto que o previsto no mercado interno. Até agosto, as exportações chegaram a 3,6 milhões de toneladas, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Em relação ao trigo, avalia Otmar Hübner, técnico do Deral, a queda de preços está mais ligada ao aumento da oferta internacional que à crise norte-americana. Os estoques mundiais aumentaram de 118,5 milhões para 139,9 milhões de toneladas em um ano, considera. No Paraná, a safra deve superar a média desta década, com 2,99 milhões de toneladas (55% da produção nacional).
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