Ilan Goldfajn , presidente do Banco Central| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A redução da taxa básica de juros, a Selic, dependerá de fatores que permitam maior confiança no alcance da meta de inflação, principalmente em 2017. A conclusão é do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que divulgou nesta terça-feira (6) a ata da última reunião do colegiado realizada nos dias 30 e 31 de agosto.

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A meta de inflação é de 4,5% este ano e em 2017. Essa meta tem, ainda, um limite máximo de 6,5% neste ano, e 6% em 2017. Cabe ao BC perseguir o centro da meta (4,5%) e o principal instrumento usado para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação, é a taxa básica de juros, a Selic. Na última reunião do Copom, a Selic foi mantida em 14,25% ao ano pela nona vez seguida.

Quando o Copom do Banco Central aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

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Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação. Quando mantém os juros, o comitê indica que ajustes anteriores foram suficientes para alcançar os objetivos.

Fatores

No documento divulgado nesta terça, o comitê condiciona a redução da Selic a alguns fatores. Um deles é que a persistência dos efeitos de alta dos preços de alimentos seja limitada.

O BC também espera que os componentes do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), mais sensíveis à política monetária (decisões sobre a Selic) e à atividade econômica, indiquem desinflação em velocidade adequada e que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo as medidas de ajuste fiscal e seus impactos sobre a inflação.

O comitê ressalta que avaliará a evolução da combinação desses fatores para tomar as decisões sobre a Selic.

Projeções

As projeções do mercado e do BC para a inflação, neste ano, foram revisadas de aproximadamente 6,75% para em torno de 7,3%. Não obstante essa elevação, o cenário básico do comitê continua a contemplar a desinflação na economia brasileira nos próximos anos, diz o documento do Copom.

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Para 2017, a desinflação até a meta de 4,5% ocorre somente no cenário feito pelo BC. No cenário de mercado, a projeção está em torno de 5,1%. Apesar da desinflação neste cenário ocorrer em velocidade aquém da perseguida pelo comitê, esta projeção recuou 0,2 ponto percentual em relação ao valor projetado na reunião do Copom de julho, acrescentou o comitê.

As projeções do BC, no chamado cenário de referência, supõem, entre outras hipóteses, taxas de juros e câmbio inalteradas em 14,25% ao ano e R$ 3,2, respectivamente, durante todo o horizonte da estimativa.

No cenário de mercado, são utilizadas projeções para taxa de juros e câmbio na pesquisa Focus, feita pelo BC junto a instituições financeiras. Neste caso, foram consideradas taxa de câmbio em R$ 3,29 e R$ 3,45, ao final de 2016 e 2017, respectivamente, e taxa de juros de 13,75% ao ano e 11,25% ao ano, no final dos mesmos períodos.

Preços administrados

A projeção do Banco Central para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados é de 6,3% em 2016, 0,3 ponto percentual abaixo da estimativa divulgada em julho. Para 2017, a projeção é 5,8%, 0,5 ponto percentual acima da estimativa anterior. "

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A revisão para 2017 deve-se primordialmente às projeções para aumento de tarifas de energia elétrica (7,7%) e ônibus urbano (6,8%), acrescenta o comitê.

Economia

Os membros do comitê, formado pela diretoria do BC, concordaram que houve melhora no cenário econômico do país e indicadores recentes mostram evidências um pouco mais claras da estabilização da economia.

Além disso, há sinais de possível retomada gradual da atividade econômica. Essa perspectiva é corroborada pela melhora de indicadores prospectivos da atividade econômica, de dados da produção industrial e de investimento, destacou o comitê.