Questões políticas e diplomáticas são barreiras sérias à integração da América Latina. O continente vive sob a influência da maior potência econômica do mundo, os Estados Unidos, o que torna as negociações comerciais mais complexas do que se fossem feitas somente entre os vizinhos latinos. Além disso, os sistemas políticos que floresceram do México para baixo não são dos mais estáveis.

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A crise na Bolívia é uma amostra de como o continente é explosivo. O país passou por uma convulsão social que derrubou um governo e levou à renegociação de contratos internacionais. Mais temido que isso no mundo dos negócios, apenas um calote na dívida, como o dado pela Argentina no fim de 2001. Ou talvez os discursos bolivarianos de Hugo Cháves, presidente que governa uma Venezuela politicamente dividida.

"O processo de estabilização política na América Latina é complicado e isso influencia o Brasil", afirma Denise Gregory, diretora do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Segundo ela, a desconfiança sobre o futuro dos vizinhos espanta investimentos que poderiam ser voltados para projetos ambiciosos de integração regional.

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A evolução mais importante nos últimos 15 anos no continente foi a formação de blocos regionais, como o Mercosul. É neles que o comércio cresceu mais rápido, pois permitem trocas com menor carga de impostos de importação. Mas mesmo esta forma de integração caminha a passos tortuosos. Países que poderiam se dedicar a obras conjuntas ainda precisam superar marcas deixadas por disputas passadas, como uma guerra encerrada há mais de 120 anos que ainda levanta antipatia entre chilenos e bolivianos.

As birras internas se somam à influência norte-americana no continente. Nos últimos anos, os EUA apostaram na criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), bloco que tinha como meta reduzir as barreiras na América. Há dois anos, as conversas emperraram. Ao mesmo tempo em que tentava levar adiante a idéia da Alca, o governo americano negociou acordos menores que pulverizaram os interesses na região. Fechou com México, Chile e países do Caribe.

De tempos em tempos, os americanos investem também sobre os parceiros do Mercosul. O último a cogitar largar os vizinhos foi o Paraguai. Insatisfeitos com os resultados da economia após a criação do bloco, os paraguaios se aproximaram dos EUA, que têm interesse em montar uma base militar no país. (GO)