O setor madeireiro não quer ficar apenas esperando o governo federal tomar alguma atitude que dê fôlego ao setor, prejudicado pela valorização do real. As empresas têm feito corte de gastos, principalmente em relação à mão-de-obra, e modificado processos de produção e logística. "Não dá para ficar esperando sempre. Temos de melhorar os processos internos, aumentar a produtividade e não ficar apenas pensando em reduzir a gordura, apesar disso ser inevitável", conta o diretor comercial da F.V. de Araújo, Juliano Vieira de Araújo.
Uma mudança importante na venda de madeira para o exterior, que se intensificou nos últimos anos, foi a migração da exportação como carga geral para a exportação via contêineres. O Porto de Antonina, onde a madeira tinha uma participação importante, vem registrando queda na movimentação do produto como carga geral. Em 2006, foram embarcadas apenas 79 mil toneladas, contra 137 mil do ano anterior. "Está ocorrendo uma migração para o contêiner. O setor agrega valor e acaba escolhendo essa opção", diz o diretor superintendente do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), Juarez Moraes e Silva. Do total exportado pelo TCP em abril, por exemplo, a madeira correspondeu a 21,3% do total, e a madeira beneficiada, 13,6%.
De acordo com o presidente da Abimci, o frete do contêiner sai mais em conta do que enviar a carga solta nos navios. "O custo é menor quando enviamos carga para países com os quais o Brasil tem muitas trocas comerciais. O contêiner vai cheio, com produtos brasileiros, e volta com produtos importados", diz. Esse movimento, quando o real estava muito desvalorizado em relação ao dólar, não era possível. "No auge da desvalorização, montamos um pool de empresas para trazer navios com contêineres vazios. Também não era ideal", diz. Segundo ele, é preciso haver um equilíbrio no câmbio, que permita às empresas que têm competitividade concorrer nos mercados externos. (RF)
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