O aceno de um reajuste no preço da gasolina e do diesel após a reunião de conselho da Petrobras elevou o risco de estouro da meta de inflação, cujo teto é de 6,5%. As previsões para o fechamento do IPCA em 2014 já estão em torno de 6,4% sem o reajuste.
Analistas afirmam que não há espaço para um aumento ainda neste ano sem que comprometa a meta inflacionária. A Tendências Consultoria prevê que a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima do teto da meta em outubro e novembro, aos 6,64% e 6,68%, respectivamente. Apenas em dezembro diminuirá para 6,4%.
Mas, caso a gasolina seja reajustada em 5%, o IPCA encerraria 2014 em 6,53%. "As pressões inflacionárias não acomodam um reajuste sem comprometer o teto da meta", alertou a economista Adriana Molinar.
O economista Pedro Ramos, do Banco Sicredi, prevê uma inflação de 6,6% neste ano se for aplicado um reajuste de 4% nos combustíveis. Já a LCA trabalha com uma alta média de 5%, mas também calcula uma elevação do IPCA para 6,6%.
Pressão
Diante das previsões de estouro do teto da meta, o economista-chefe da corretora Concórdia, Flávio Combat, se diz descrente de um aumento na gasolina em 2014, lembrando que a defasagem dos preços praticados no mercado internacional já não pressiona a Petrobrás.
"A gente está achando que o reajuste não vem esse ano, embora tenha havido essa especulação toda", afirmou Combat, acrescentando que, caso ocorra, o IPCA seria elevado em até 0,3 ponto porcentual, para 6,7%.
Riscos
Mas a iminência de um reajuste no preço dos combustíveis não é a única ameaça à inflação. Desde 2011 o governo não enfrentava risco tão grande de não cumprir a meta.
Naquele ano, o IPCA fechou no limite, aos 6,5%. "É possível que estoure o teto da meta porque está muito encostado. Uma pressão inesperada de 0,1 ponto porcentual é sim bastante possível, seja do câmbio ou de perdas na safra de algum produto muito relevante", disse Combat.
Segundo ele, se o dólar chegar a R$ 2,60, terá reflexos na inflação. Outro risco vem de um possível choque de oferta de alimentos. A forte estiagem pode afetar itens "in natura", que respondem com rapidez ao clima adverso.
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