O rebaixamento da classificação dos bancos Crédit Agricole e Société Générale pela agência Moody's pressionou nesta quarta-feira (14) ainda mais um sistema bancário já abalado pelos mercados, e colocou mais peso sobre as costas do presidente francês, Nicolas Sarkozy, para buscar soluções à crise de confiança na zona do euro.
A decisão do Moody's de revisar a classificação dos grandes bancos franceses, que estão entre os mais expostos ao risco da dívida soberana grega, já era esperada, mas apesar de tudo causou nervosismo nos mercados, que reagiram com fortes oscilações sem rumo claro.
A agência de classificação justificou a mudança da nota do Crédit Agricole de "Aa1" para "Aa2" por sua exposição à dívida grega, e a do Société Générale de "Aa2" para "Aa3" pela revisão do sistema de ajuda pública ao sistema financeiro.
A Moody's não alterou a nota de outro grande banco francês, o BNP Paribas, e em comunicado explicou que vai mantê-la sob controle e com perspectiva negativa, como vem fazendo desde 15 de junho. Essas três entidades tiveram as quedas mais acentuadas no início do pregão da Bolsa de Valores de Paris, cujo índice geral abriu com números negativos. Durante o dia, porém, a tendência se inverteu, e o CAC-40 fechou em alta de 1,87%, para 2.949,14.
As autoridades monetárias e políticas francesas se esforçaram para minimizar o significado da decisão do Moody's e insistir na solidez dos bancos do país.
O presidente do Banco Central da França, Christian Noyer, destacou que "os bancos franceses conservam nota excelente e estão no nível dos grandes bancos europeus", ressaltando que não é preciso nenhuma intervenção, e que uma nacionalização "não teria nenhum sentido".
A partir do Governo, o ministro de Assuntos Europeus, Jean Leonetti, e o de Indústria, Éric Besson, garantiram que os bancos franceses são solventes, não estão em risco e, portanto, os cidadãos "não devem inquietar-se".
Besson e Leonetti lembraram que as entidades financeiras passaram com "sucesso" pelos testes de estresse europeus, cujos resultados foram publicados em julho, e o primeiro vinculou os ataques sofridos na bolsa a "uma especulação totalmente irracional" e dirigida por "rumores".
O titular da pasta de Assuntos Europeus afirmou que a Grécia não vai quebrar nem sairá da zona do euro porque se cumpridos esses cenários não só "os gregos perderiam 30% de seu poder aquisitivo", mas "a zona do euro abriria espaço para um jogo que no futuro pode levar os especuladores atacariam a Espanha, depois a Itália e por que não Portugal".
Na mesma linha, a porta-voz do Governo, Valérie Pécresse, contou ao fim do conselho de ministros que tanto Sarkozy como seu primeiro-ministro, François Fillon, haviam "reafirmado a determinação da França para fazer o possível para salvar a Grécia".
Pécresse disse que no conselho de ministros "reafirmou a solidez da parceria franco-alemã" em defesa da zona do euro, mas também insistiu na necessidade de aplicação de todo o pacote adotado na cúpula europeia de 21 de julho e que haja "contrapartidas" por parte da Grécia.
Esta última questão, indicou a porta-voz, estará no centro da teleconferência entre Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, programada para a tarde desta quarta, após o fechamento das bolsas europeias.
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