Em mais um lance para reforçar o ajuste das contas públicas a partir de 2015, a área econômica do governo saiu à cata de potenciais receitas que ainda não estão contabilizadas no Orçamento da União. A iniciativa revelou que há medidas que poderão engordar o caixa federal em até R$ 45,3 bilhões, segundo informou uma fonte graduada da atual equipe econômica.

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Os recursos ampliam outras iniciativas já adotadas pelo governo, ou ainda por adotar. Entre elas, as restrições na concessão dos benefícios sociais, que devem economizar R$ 18 bilhões do Tesouro em 2015, e o sistema de bandeiras tarifárias no setor elétrico, que transfere a conta extra ao consumidor e alivia o caixa do governo.

Estão ainda em avaliação outras medidas para fortalecer a arrecadação, como o veto à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e a volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), o imposto sobre combustíveis. O desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis deve terminar hoje.

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Energia - Na área das receitas que estavam fora do radar, a futura equipe econômica pode, por exemplo, arrecadar um adicional de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões com a renovação de contratos de concessão das distribuidoras de energia. As regras não estão definidas e os cálculos são bastante preliminares. Falta, também, uma decisão política sobre o que fazer com os contratos que estão vencendo.

É certo, porém, que essa renovação deverá render receitas importantes, que poderão ser aportadas no próprio setor elétrico. A avaliação do governo é que nessa área se encontra o problema mais grave das contas públicas. O drama foi agravado pela estiagem, que aumentou os gastos com a geração de energia térmica.

Outro recurso que depende de decisão política é aquele originário do leilão do direito de administrar a folha salarial da União, além do direito de gerir os Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), que vai somar R$ 376 bilhões no próximo ano. Hoje, os bancos movimentam essa montanha de dinheiro sem pagar nada. Mas a venda do direito de administrar essa modalidade de verbas já é um recurso de caixa usual nos governos estaduais e municipais.

Os preparativos para a licitação estão em andamento. O governo espera que, se concretizado, o leilão gere recursos entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões.

Cessão - Há ainda mais R$ 4 bilhões que poderão ingressar no caixa federal em 2015, a título de cessão onerosa de áreas do pré-sal para a Petrobras. Esse é um pagamento feito à União pelo direito de explorar áreas.

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O governo contava com R$ 2 bilhões desses recursos neste ano, mas o pagamento não ocorreu porque o contrato que ampara essa operação ainda está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Se ele for aprovado no próximo ano, portanto, a estatal deverá recolher a parcela referente a 2014 e também a de 2015, de igual valor.

Fundo Soberano - Existem ainda R$ 3,3 bilhões no Fundo Soberano, que não serão utilizados neste ano. Tudo somado, o volume potencial de receitas extraordinárias fica entre R$ 33,3 bilhões e R$ 45,3 bilhões no ano que vem. Há ainda uma receita extra programada para 2016, que é o resultado da abertura de capital da Caixa Econômica Federal. As estimativas variam de R$ 18 bilhões a R$ 25 bilhões.

Os temores da nova equipe econômica de encontrar um volume não calculado de despesas empurradas de 2014 para 2015 se reduziram depois que o Ministério da Fazenda passou a quitar contas pendentes. O resultado fiscal de novembro, que acusou um déficit de R$ 8,1 bilhões nas contas públicas, já reflete essa decisão. A ordem é pagar o máximo de contas possível, para limpar o terreno para a nova equipe. O ritmo de pagamentos continuava firme ontem. Estava previsto, por exemplo, um repasse de R$ 1,5 bilhão às empresas do setor elétrico.

O volume de contas a serem quitadas dependia dos recolhimentos tributários de última hora. Só no dia 30, era esperado um ingresso de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões no caixa do Tesouro.

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